Deputados municipais de Lisboa temem que Praça de Espanha se torne um deserto

por Lusa

Lisboa, 17 jan (Lusa) - A Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou hoje a alienação, em hasta pública, dos terrenos do antigo mercado da Praça de Espanha, proposta que mereceu críticas por parte da oposição, que teme que o espaço se torne desértico.

Depois de ter sido aprovado pelo executivo municipal (de maioria PS), a alienação dos terrenos com um valor-base de 16,45 milhões de euros mereceu o aval do PS, Cidadãos por Lisboa (eleitos nas listas socialistas) e Parque das Nações por Nós (PNPN), e o voto contra de toda a oposição - PCP, BE, PEV, PSD, PAN, MPT e CDS-PP.

Quando foi apreciada em reunião da Câmara Municipal, a proposta mereceu os votos favoráveis do PS e movimento Cidadãos por Lisboa, votos contra do PCP e CDS-PP e a abstenção do PSD.

A parcela de terreno com 3.275 metros quadrados será destinada à construção de um edifício afeto ao setor terciário, com o objetivo de reforçar a oferta de escritórios na cidade.

Antes da votação, os deputados pronunciaram-se sobre a alienação, pelo que foram ouvidas maioritariamente vozes críticas.

Para o deputado Magalhães Pereira, do PSD, o projeto pensado para aquele local "vem impor uma radical alteração ao que foi prometido aos comerciantes da Praça de Espanha e aos lisboetas", uma vez que "em vez de um jardim, vem propor-se uma torre (...) que diminui o espaço ajardinado".

Já o deputado comunista Modesto Navarro considerou que "a visão que a Câmara tem para esta zona nobre da cidade é torná-la num deserto", advogando que quando passa naquela zona ao final da tarde vê poucas pessoas na rua.

O vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, recusou estas ideias, vincando que "este jardim [que vai nascer na Praça de Espanha] vai ser mais do dobro do Jardim da Estrela".

Assim, advogou, "a Praça de Espanha não será um deserto, mas sim uma zona central na cidade de Lisboa", pelo que "nenhum dos comerciantes foi ao engano".

Também o deputado Diogo Moura, do CDS-PP, foi crítico desta proposta, tendo salientado que já "existem vários espaços disponíveis para escritórios" na cidade.

Sobreda Antunes, do PEV, defendeu que a alienação de terrenos não deveria ser apreciada sem a aprovação do Regulamento do Património Imobiliário do Município.

Este documento encontra-se em consulta pública, que se estende por mais 30 dias, "porque vai ser publicado em Diário da República", avançou o vereador Manuel Salgado em resposta aos deputados.

A unidade de execução daquela zona, aprovada por executivo municipal em meados do ano passado prevê também o lançamento de um "concurso de ideias para reorganização da praça e reconstrução da centralidade", que será levado a cabo com a Fundação Calouste Gulbenkian e com o Montepio.

Hoje, o vereador Manuel Salgado apontou que este concurso será "lançado em breve".

Já a construção de um novo edifício do Instituto Português de Oncologia (IPO), também na Praça de Espanha, foi visto com bons olhos pelos deputados municipais.

Na mesma sessão foi abordada a possível contaminação de solos no Parque das Nações, nos terrenos onde existiu a antiga refinaria de Cabo Ruivo, situação denunciada pelos moradores da zona devido ao cheiro químico que se sente no local.

Depois de os moradores se terem concentrado junto à obra onde irá nascer um parque de estacionamento subterrâneo do hospital CUF Descobertas, foram à AML hoje expor o caso.

O presidente da Junta de Freguesia, José Moreno, aproveitou a sessão de declarações políticas na qual foi questionado sobre o assunto para pedir compreensão, uma vez que "a obra está em curso e tudo tem de ser feito para remover aquelas terras, o que pode implicar a exposição [aos agentes químicos e ao cheiro] durante mais algum tempo".

Ainda sobre este assunto, o vereador Manuel Salgado apontou que "foi pedido um relatório para averiguar o grau de risco que possa existir, e para onde estão a ser depositadas as terras" provenientes da obra, documento que o responsável estima que seja apresentado aos serviços municipais na quarta-feira.

Tópicos
pub