Eurogrupo suspenso coloca divisão europeia à vista

por Christopher Marques - RTP
François Lenoir - Reuters

Horas e horas de reunião. As divisões no seio dos ministros das Finanças da Zona Euro sobressaem depois da longa reunião do Eurogrupo. A Alemanha e a França apresentam-se em posições divergentes, com Paris a apoiar Atenas e a rejeitar de forma veemente um eventual Grexit. Itália e Finlândia sobressaem também: Roma deu um murro na mesa para que se chegue a acordo, enquanto que Helsínquia promete inviabilizar um terceiro resgate e está já mandatada para negociar a saída da Grécia do euro. A reunião é retomada este domingo.

Atenas apresentou as suas propostas, os credores aprovaram mas o Eurogrupo patina. A falta de confiança no Governo de Atenas e as diferentes realidades de cada país explicam a dificuldade dos ministros das Finanças da Zona Euro em chegar a acordo.

Apesar de a proposta de Alexis Tsipras e Euclid Tsakalotos adotar grande parte das medidas previstas na última proposta dos credores, o Eurogrupo solicita mais medidas. A Alemanha e a Finlândia lideram a fação mais dura.

As divisões entre os ministros europeus estão agora mais claras do que nunca. A reunião do Eurogrupo foi suspensa e não houve lugar a nenhum comunicado.

O Eurogrupo será retomado este domingo quando forem 10h00 em Lisboa.
Grexit de cinco anos
O dia de negociações ficou marcado pela apresentação de um documento que defende uma saída temporária da Grécia da Zona Euro. O documento de trabalho da Alemanha não foi, de acordo com fonte grega, debatido no Eurogrupo.

“Há duas alternativas: ou uma melhoria das propostas ou um Grexit provisório”, explicou fonte europeia à France Presse, realçando que essa possibilidade encontra-se num documento de trabalho da Alemanha.
Fontes europeias confirmaram à Lusa a existência de tal documento, mas apontaram que o mesmo, redigido em inglês, "surgiu" entre os vários documentos que estão a circular e que não está sequer identificado.França e Itália

Na reunião deste sábado ficaram claras as divisões entre os membros do Eurogrupo.

A França parece assumir a liderança de uma fação mais favorável a Atenas, da qual também fazem parte Itália e Chipre. Paris contribuiu mesmo para a elaboração das propostas que Atenas apresentou.

De acordo com The Guardian, Itália decidiu dar um murro na mesa e vai mesmo pedir à Alemanha que consiga um acordo com a Grécia. O primeiro-ministro considera que é hora de por fim a esta crise.

Na cimeira dos chefes de Estado da Zona Euro de domingo, Matteo Renzi vai insistir que Angela Merkel chegue a acordo com Atenas, o que considera ser necessário para o futuro da União Europeia.
Finlândia pronta para Grexit

Do lado contrário, encontramos uma postura mais austera face a Atenas, da qual os principais líderes serão a Alemanha e a Finlândia. Helsínquia estará mesmo a assumir a postura mais dura perante Atenas, superando mesmo a atitude de Berlim.

A crise grega está a provocar sérias divisões na coligação que governa a Finlândia, constituída por centristas, conservadores e eurocéticos, o que estará a condicionar a atuação finlandesa.

O ministro das Finanças da Finlândia, Alexander Stubb, foi mandatado pelo Parlamento finlandês para negociar uma saída da Grécia da Zona Euro, anunciou a televisão pública do país, Yle.

Deputados e representantes do Ministério das Finanças da Finlândia reuniram-se ao início da tarde em Helsínquia para definir o mandato do governo nas negociações em curso em Bruxelas.
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