FMI suspende empréstimos à Guiné-Bissau por causa de resgate à banca privada

por Lusa

O Fundo Monetário Internacional avisa que não vai dar mais dinheiro à Guiné-Bissau se as medidas acordadas no âmbito do programa de ajuda não forem aplicadas, nomeadamente no setor bancário e no Orçamento.

"Se o programa continuar fora dos objetivos, o FMI não vai desembolsar as restantes tranches previstas no acordo de Facilidade de Crédito Permanente aprovado pela administração a 10 de julho de 2015", disse um porta-voz da instituição à Lusa, precisando que o valor em causa ascende, este ano, a 6,1 mil milhões de francos, o equivalente a quase 10 milhões de euros.

"Os resgates [a dois bancos privados no ano passado] implicaram uma enorme despesa em termos de crédito para o Governo (34 mil milhões de francos, pouco mais de 5 milhões de euros], o indicador chave do desempenho do programa de ajuda", acrescentou a mesma fonte à Lusa.

A Guiné-Bissau está mergulhada há meses numa crise política que tem feito a economia ressentir-se e o ritmo de crescimento abrandar.

Os membros do executivo demitido a 12 de maio, de maioria PAIGC, ocupam as instalações como protesto contra a entrada em funções de um novo governo.

Consideram que o Presidente da República, José Mário Vaz, violou a Constituição ao dar posse na sexta-feira a um executivo que não resulta da vontade do PAIGC, partido que venceu as últimas eleições (2014).

"As autoridades da Guiné-Bissau precisam de identificar e acordar com o Fundo modalidades para fechar o `buraco` que se abriu no Orçamento de 2016", vinca o porta-voz do FMI, lembrando que "os parceiros de desenvolvimento não deverão financiar o país em 2016, tendo já cancelado este ano 15,2 mil milhões de francos".

O responsável do FMI afirmou ainda à Lusa que o programa de financiamento pode ser retomado mediante a assunção de compromissos e concluiu que "o Fundo vai continuar a fornecer apoio em termos da definição de políticas e a prestar apoio técnico às autoridades da Guiné-Bissau".

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