Itália anuncia fundo com 5 mil milhões de euros para ajudar bancos a limpar crédito malparado

Roma, 11 abr (Lusa) -- A Itália anunciou hoje à noite a criação de um fundo de cinco mil milhões de euros para lidar com o crédito malparado e garantir que os bancos mais fracos possam ser recapitalizados, informou a agência financeira Radiocor.

Lusa /

O fundo vai ser criado pela sociedade de gestão de ativos Quaestio Capital Management Sgr, que conta com a autorização do Banco de Itália e da autoridade bolsista italiana (Consob).

Este fundo de investimento alternativo vai chamar-se Atlante e ter como objetivo ajudar a sustentar a recapitalização dos bancos italianos e favorecer a venda do malparado.

"Depois das reuniões mantidas com um grande número de investidores, instituições, bancos, seguradoras, fundações bancárias e caixas de depósitos e crédito, a Quaestio alcançou um grande número de adesões para lançar o Fundo Atlante", afirmou a sociedade, em comunicado.

No texto, avançou-se também que o fundo, cuja dotação pode atingir os seis mil milhões de euros, vai ter como propósito principal "garantir o êxito dos aumentos de capital solicitados pela Autoridade de Vigilância para bancos que se encontrem em dificuldades".

Este fundo, promovido pelo Governo, mas que vai contar com fundos privados, vai servir para permitir ao setor bancário "resolver os seus problemas sem recorrer a dinheiro público", tal como destacou o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.

O executivo italiano não vai contribuir para o lançamento deste fundo com dinheiro público, como exigia Bruxelas, mas com normativas de "acompanhamento", com as que quer acelerar a eliminação dos ativos tóxicos que se acumulam nas entidades bancárias.

"É uma ferramenta que pode contribuir para completar o processo de reforço dos bancos italianos", sublinhou o ministro da Economia, italiano, Pier Carlo Padoan.

A documentação sobre este fundo vai ser entregue na terça-feira às diferentes entidades bancárias para ser aprovada pelos respetivos conselhos de administração.

Por seu lado, Bruxelas vai examinar com atenção o mecanismo para comprovar que o fundo é constituído sem violar as normas europeias.

Os bancos italianos confrontam-se atualmente com créditos problemáticos de 200 mil milhões de euros, avançou a agência noticiosa, citando o Banco de Itália.

Uma das primeiras ações do novo fundo vai ser intervir na recapitalização do Banca Popolare di Vicenza, no montante de 1,75 mil milhões de euros, na próxima semana, antes de outra intervenção similar no Veneto Banca, em junho, ainda segundo a Radiocor.

A decisão sucede depois de uma reunião realizada hoje entre dirigentes do Ministério das Finanças e representantes dos principais bancos e instituições financeiras.

As cotações das ações dos bancos italianos fecharam hoje na bolsa milanesa a antecipar esta decisão, com as do Banco Popolare a subirem 10,3% e as do Banca Monte dei Paschi di Siena 9,8%, que comparam com uma subida do mercado acionista em 1,25%.

Estes ganhos contrastam fortemente com as repetidas e fortes perdas apresentadas desde o início do ano.

A União Europeia e a Itália alcançaram em janeiro um acordo sobre a criação de um sistema de ajuda aos bancos italianos que lhes permitisse ceder o seu malparado, com uma garantia do Estado italiano, sobre a parte mais segura deste crédito.

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