Lisboa, 25 nov (Lusa) - O presidente executivo da PT Portugal, dona da Meo, afirmou hoje que a operadora de telecomunicações quer "todos os conteúdos" na sua plataforma e dar o que "os clientes precisam".
Paulo Neves falava no debate "O Estado da Nação das Comunicações", no âmbito do 25.º Congresso das Comunicações, organizado pela APDC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, que decorre até quinta-feira em Lisboa.
Questionado sobre se pretende ter na sua plataforma o canal Benfica TV, Paulo Neves afirmou: "Queremos todos os conteúdos".
Atualmente, o canal `premium` Benfica TV está disponível na NOS.
"Queremos que os nossos clientes tenham os melhores conteúdos, quero ter os conteúdos que os clientes precisam, analisaremos tudo", acrescentou o presidente executivo da PT Portugal, empresa detida pelos franceses da Altice.
Estas declarações levaram os dois concorrentes NOS e Vodafone Portugal a reagir.
"Agiremos em conformidade quando temos um concorrente que está a quebrar nas palavras e ações o equilíbrio existente nos dias de hoje", afirmou o presidente executivo da NOS, Miguel Almeida.
Para Mário Vaz, presidente executivo da Vodafone Portugal, "não é o conteúdo que distorce" o mercado, "a relevância está em cima daquilo que é competitivo".
"Muitos conteúdos só para a PT/Altice, na Vodafone queremos muito conteúdos e o Miguel [Almeida] também", apontou Mário Vaz.
"Isso vai penalizar o setor, certamente", considerou o presidente executivo da Vodafone Portugal.
Na sua intervenção, Paulo Neves reiterou o objetivo da PT Portugal em expandir a rede de fibra a três milhões de casas até 2020, um projeto prioritário da operadora.
Relativamente ao acordo de partilha de rede de fibra que tem com a Vodafone, Paulo Neves tinha afirmado no início de novembro que o mesmo terminava no final do mês e que "cada um" dos operadores - PT Portugal e Vodafone Portugal passaria "450 mil casas ao outro".
Hoje, na sua intervenção, Mário Vaz abordou o assunto.
"Paulo [Neves], chegaste hà pouco tempo [à PT Portugal] e tens muita coisa" a tratar, pelo que ainda não terá havido tempo para ler o contrato, começou por dizer o presidente executivo da Vodafone Portugal.
"Mas o contrato prevê uma consulta de investimento", disse.
No entanto, "partilha ou não, não viemos para aqui discutir contratos, espero que não haja retrocessos", acrescentou.
Mário Vaz salientou ainda que o importante "não é ter muita fibra, mas ter muitas ofertas".
Os jornalistas tentaram obter esclarecimentos sobre a questão dos conteúdos junto de Paulo Neves, mas o presidente da PT Portugal não se demonstrou disponível.
