BE disponibiliza vídeo com programa eleitoral em Língua Gestual Portuguesa

por Lusa

Lisboa, 24 set (Lusa) - O Bloco de Esquerda gravou um vídeo com o programa eleitoral para as legislativas em Língua Gestual Portuguesa, uma ação simbólica numa campanha em que tem alertado que as pessoas com deficiência estejam "condenadas a uma cidadania de segunda".

O anúncio desta medida foi hoje feito pela porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, que ao final da tarde se reuniu com a Associação Portuguesa de Surdos - no dia em que a instituição comemora 57 anos de existência - e ouviu as queixas e preocupações dos cidadãos com esta deficiência.

Num partido que tem tentado disponibilizar intérpretes nas iniciativas em que há pessoas surdas, Catarina Martins disse aos jornalistas que todo o programa da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 04 de outubro está gravado e disponibilizado num vídeo em Língua Gestual Portuguesa.

"Nesta campanha temos tentado chamar a atenção para o facto das pessoas com deficiência em Portugal estarem condenados a uma cidadania de segunda, não terem condições para viverem em plenitude da democracia, como todas as outras pessoas. Seja quando vão às finanças, neste caso não têm tradução, seja na escola, com falta de apoio a crianças surdas, seja a ver televisão", condenou.

No programa do partido é defendida a necessidade das pessoas com deficiência terem uma vida independente, situação que não acontece, por exemplo, em termos do número nacional de emergência, não tendo os surdos possibilidade de pedir ajuda quando estão sozinhos.

"Face ao desenvolvimento tecnológico extraordinário dos nossos dias não se compreende que não tenhamos ainda uma forma de dar esse apoio em emergência, ou seja, se a tecnologia evoluiu tanto tem que evoluir naquilo que são os diretos de acesso de todos e de todas", defendeu.

Ana Sofia Fernandes foi a intérprete de Língua Gestual Portuguesa que acompanhou a comitiva bloquista nesta visita e no final deixou um apelo, enquanto filha de pais surdos, para que não precisasse de faltar ao trabalho para ir com eles ao médico.

"Na área da saúde é uma emergência resolverem a questão do acesso das pessoas surdas", considerou.

Para além desta questão da saúde, Ana Sofia alertou ainda para a ausência de resposta social uma vez que "não há um lar para surdos, não há um centro de dia para surdos".

 

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