Passos Coelho responde a "radicalismo" de António Costa e admite Governo de Bloco Central

por Christopher Marques - RTP
Hugo Correia - Reuters

Chegou a resposta de Pedro Passos Coelho. O presidente do PSD respondeu por carta à missiva enviada por António Costa. No documento, o primeiro-ministro cessante acusa o PS de ter substituído o princípio da “razoabilidade” pelo “radicalismo” ao negociar com a extrema-esquerda. Apesar das críticas, Passos reitera que se mantém disponível para negociar, e até mesmo para que o PS faça parte do próximo governo.

No documento, Pedro Passos Coelho defende que a carta enviada pelo PS “frustra as expetativas de todos aqueles que contavam com a prossecução das conversas entre o PSD, o PS e o CDS-PP” e acusa os socialistas de estarem a evitar um entendimento com a coligação.

Os sociais-democratas apontam que a resposta de António Costa não representa “uma resposta objetiva traduzida numa contraproposta” e defendem que “a Coligação venceu inequívoca e expressivamente as eleições”.

“Ninguém no país compreenderia que o PS exigisse que a Coligação governasse com o programa do PS, o que constituiria uma perversão total dos resultados eleitorais”, escreve o ainda chefe do Governo.


Para Pedro Passos Coelho, o “documento facilitador” enviado pela coligação pretendia ser “uma base de partida para um compromisso necessário”, que desse lugar a um “futuro programa de governo que contivesse elementos do dois programas eleitorais”.

O primeiro-ministro retoma também a questão sobre o envio de informação atualizada sobre a situação nacional. Passos Coelho garante que a coligação entregou “sem demora” e “no limite da sua disponibilidade” a informação ao PS e lamenta a utilização que acredita estar a ser feita desta informação.

O PS não está a “usar essa informação para aprofundar as negociações, mas apenas para fazer propaganda política com finalidades que estão bem longe das intenções programadas”. Depois das declarações de Costa na entrevista à TVI, Passos acusa mesmo o PS de fazer “sugestões e insinuações irresponsáveis e sem qualquer fundamento real”.
Governo a três
No fim da carta, o primeiro-ministro lamenta que "sob o falso pretexto de negociações que não deseja", o PS esteja "a arrastar o País e os portugueses para a instabilidade e a ingovernabilidade".

Apesar das críticas e depois de ter batido com a porta na semana passada, Passos Coelho manifesta “inteira disponibilidade” para negociar com os socialistas. O primeiro-ministro cessante disponibiliza-se mesmo para a entrada do PS numa futura “coligação de governo mais alargada”.

O presidente do PSD pede aos socialistas para que apresentem “uma contraproposta objetiva, que inclua base metodológica e medidas concretas”, caso o PS esteja “verdadeiramente empenhado em chegar a um acordo de princípio”.

No documento, Passos despede-se com “cordiais saudações” à entrada de uma semana que promete ser decisiva. Cavaco Silva reúne esta segunda-feira com Pedro Passos Coelho, antes de iniciar a ronda formal com as forças políticas.


Na terça-feira, o Presidente da República recebe o PSD, o PS, o Bloco de Esquerda e o CDS-PP. Na quarta-feira, é a vez dos representantes do PCP, PEV e do PAN se deslocarem a Belém. Depois desta ronda, Cavaco Silva deverá anunciar aos portugueses a sua decisão quanto à formação do próximo governo português.
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