PS sobe a parada e avança com moção própria

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
Manuel de Almeida - Lusa

A Comissão Política do PS esteve reunida até praticamente às duas da manhã e votou favoravelmente a proposta de avançar com uma moção de rejeição ao programa do Governo PSD-CDS. É a resposta dos socialistas à decisão de Cavaco Silva de indigitar Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro. António Costa recebe ainda luz verde para prosseguir as negociações à esquerda.

A Comissão Política deliberou “dar ao Grupo Parlamentar indicação para apresentar uma moção de rejeição de qualquer programa de governo que se proponha manter no essencial as políticas da anterior legislatura, rejeitadas por larga maioria dos portugueses nas últimas eleições".

Uma decisão, diz o comunicado, que vem da consciência que a Comissão Política tem de que a “a direita coligada não reconhece a necessidade de virar a página da austeridade e interromper a estratégia de empobrecimento, e atendendo ao facto de o PS estar em condições de oferecer ao país uma alternativa de governo consistente, estável e duradoura”.

PS junta-se assim a PCP e Bloco de Esquerda, que já tinham anunciado a mesma estratégia.
Presidente no centro das críticas
O comunicado do PS lança várias farpas ao Presidente da República Aníbal Cavaco Silva e ao discurso desta quinta-feira aos portugueses.

A Comissão Política do PS não desarma e escreve: “Restará ao PR [Presidente da República], se este, como esperamos, não abandonar o seu compromisso de respeito pela democracia e pela defesa do interesse nacional, proceder, subsequentemente, à indigitação do candidato a PM [primeiro-ministro] que beneficie de um apoio maioritário na Assembleia da República, nos termos da Constituição da República”.

Os socialistas consideram que “não é atendível em democracia que o PR [Presidente da República], porém, para além dessa processualidade que só fará o País perder tempo, se constitua como oponente à vontade de um conjunto maioritário de eleitores que extravasa em perto de 1 milhão os que apoiaram a coligação de direita”.

A Comissão Política critica Cavaco Silva por questionar os compromissos de um eventual governo PS quanto à “opção estratégica europeia” ou “a observância dos compromissos no quadro da Zona Euro”.

O documento votado naquele órgão do Partido Socialista diz o Presidente “não tem o direito de questionar a genuinidade e a validade do compromisso” dum governo PS sobre esses temas e diz que “não aceita que se confunda um programa de governo que não contém tais intenções com o direito legítimo de partidos, que o votarão favoravelmente, de terem outras posições”.
Prosseguir negociações à esquerda
A Comissão Política Nacional do partido decidiu ainda mandatar António Costa a "prosseguir as negociações e concluir um acordo com o BE, o PCP e o PEV, e para aprofundar os contactos com o PAN, com vista a uma solução alternativa de governo estável, credível e consistente, devendo esse acordo ser, oportunamente, presente à Comissão Política".

As decisões foram aprovadas sem votos contra e com duas abstenções.
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