Antigo presidente do Banesto preso por branqueamento de capitais

por Sandra Salvado - RTP
Marcelo del Pozo - Reuters

O antigo Presidente do Banesto, Mario Conde, foi preso esta segunda-feira, em Madrid, pela Guardia Civil espanhola. Em causa estará um crime de branqueamento de capitais, por alegadamente ter repatriado da Suíça e de outros países, o dinheiro do Banesto, de que se terá apropriado nas décadas de 80 e 90.

A detenção acontece 23 anos depois do início do escândalo Banesto. De acordo com as autoridades espanholas, a operação em curso envolve buscas na casa do antigo presidente do Banesto e em várias sociedades constituídas pelo próprio, em Espanha, para disfarçar o regresso dos milhões que foram retirados do Banesto.

Segundo o El País, durante esta operação foram detidas mais sete pessoas que ajudaram a “passar” o dinheiro, incluindo a filha do ex-banqueiro Alejandra e o filho Mario Conde Arroyo.
Mario Conde está a ser investigado por alegados delitos contra a Administração Pública, branqueamento de capitais, insolvência punível e organização criminal.

A "Operação Fénix", operação policial assim designada, inclui cinco buscas nas casas do ex-banqueiro e nas suas empresas.

De acordo com fontes policiais citadas pela agência EFE, em causa estará o "repatriamento" de dinheiro que estava na Suíça e no Reino Unido e que teria sido subtraído por Mario Conde do Banesto, nos anos em que dirigiu o banco. Os detidos, asseguram as mesmas fontes, estavam desde há algum tempo a trazer "quantidades moderadas" da Suíça e do Reino Unido para Espanha.
De acordo com o El País, a operação policial decorre em várias casas e escritórios do ex-banqueiro, 11 anos depois de Mario Conde ter saído da cadeia, onde cumpriu também 11 anos da pena de 20, a que está condenado por desvio de pelo menos 3,6 milhões de euros de fundos do Banesto através da Argentia Trust. Apesar de a justiça sempre ter considerado que o valor do desvio foi muito superior.

Entre as suspeitas agora investigadas estão as de crimes de branqueamento de capitais. O mesmo jornal diz ainda que, nos últimos anos, Conde terá conseguido repatriar para Espanha cerca de 10 milhões de euros de dinheiro alegadamente subtraídos ao Banesto através da prestação fictícia de serviços entre empresas sediadas no país vizinho e no estrangeiro e de aumentos de capital fantasmas.

De salientar que Mario Conde deixou um buraco de 2.700 milhões de euros no Banesto.

Reportagem Patrícia Machado, Vanessa Brízido - RTP

Estas repatriações de capital terão sido feitas através de alegados testas-de-ferro como a sua filha e alguns funcionários nas suas propriedades agrícolas. Há quatro anos, quando Conde se candidatou às eleições autonómicas na Galiza, a justiça ordenou a apreensão de cinco das suas quintas, mas o ex-banqueiro disse não ter qualquer relação com aquele património, que estará registado em nome de familiares e de outras pessoas.
Conde chegou à presidência do Banesto em 1987, decidido a salvar a entidade de uma dívida próxima dos 100 mil milhões de pesetas, na altura. Apenas dois anos depois, em 1989, os cerca de 300 mil acionistas do Banesto obtiveram dividendos, o que elevou a popularidade e o reconhecimento do ex-banqueiro.
Ainda segundo o El País, as suspeitas em causa, que incluem também ocultação de património e esquemas de obstrução à justiça, podem levar Mario Conde de novo à cadeia. O ex-banqueiro deverá ser presente a Tribunal esta terça-feira.

Mario Conde, que agora tem 68 anos, chegou inclusivamente a ser premiado pela sua boa gestão e a Universidade Complutense de Madrid atribuiu-lhe o título honorífico de Doutor “honoris causa”.

Os problemas do Banesto chegaram em 1993, quando se tornou pública a má situação financeira da entidade. A 28 de dezembro desse ano, o Banco de Espanha tomou conta do Banesto e destituiu Conde como presidente.


c/ agências
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