António Guterres, um humanista candidato a secretário-geral da ONU

Podia ter sido presidente da Comissão Europeia. Era o “desejado” dos socialistas para a Presidência da República. Traçou caminho nas Nações Unidas como alto comissário para os Refugiados. Agora chega ao topo da ONU: secretário-geral. Com que argumentos?

Não quis ser candidato presidencial. Em entrevista à RTP no início de janeiro, Guterres confessava que até estava “em dívida” com o PS por causa disso. “Tenho consciência de que desiludi aqueles que queriam que fosse candidato”, afirmou então.

Não obstante, é pela mão do atual Governo socialista que se lançou para o cargo de secretário-geral da ONU.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros argumentou que Guterres era “a personalidade com melhores condições para exercer esse mandato” de secretário-geral da ONU, considerando a “longa experiência política e a forma exemplar como exerceu altos cargos internacionais”. Razões que “demonstram cabalmente os méritos da candidatura”, disse o Governo.

E quais os trunfos que o próprio destaca? António Guterres diz que tem a “obrigação de pôr a render experiências”.

Argumenta: “Tive o enorme privilégio na vida de acumular um conjunto de experiências. Vivi uma revolução em Portugal, estive na primeira linha da consolidação da democracia no nosso país, uma experiência inolvidável. Depois tive ação como membro do partido, membro do governo, primeiro-ministro. Depois tive esta extraordinária oportunidade de trabalhar dez anos em apoio aos refugiados. É algo que, naturalmente, me abriu as portas de tudo o que é hoje vital nas relações internacionais”.

A candidatura de Guterres a secretário-geral da ONU levantou um coro de vozes favoráveis. Desde Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República eleito, a Jorge Sampaio, passando pelos vários partidos políticos. O antigo primeiro-ministro recebeu das mãos de Cavaco Silva a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
“Gosto é de jogar à bola”
Pôs-se de fora da vida política em Portugal, virou costas à corrida presidencial. Para António Guterres, o Presidente da República deve ser um “árbitro” e ele gosta é de “jogar à bola”, como afirmou à RTP. “Eu gosto da ação, do terreno, de coisas que me obriguem a intervir permanentemente”, frisou.

Esteve em jogo durante dez anos no campo de alto-comissário da ONU para os Refugiados. Começou o mandato em junho de 2005, depois de deixar Kofi Annan “maravilhado” com as entrevistas. Era o caminho “natural” para um homem que começou como voluntário em bairros de lata enquanto estudante e via a política como a forma de mudar uma sociedade “cheia de injustiças”.
Um cargo em tempos exigentes. Teve de lidar com a mais grave crise de refugiados desde a II Guerra Mundial, com o agudizar de conflitos como os da Síria e do Iraque, com uma pressão dos fluxos migratórios sobre a Europa e com a ligação que muitos estabeleceram entre migrantes e terrorismo.

Guterres deu voz internacional à questão dos refugiados, com um discurso muitas vezes de crítica por exemplo à União Europeia pela incapacidade de lidar com o problema.

Em 2005, 38 milhões de pessoas eram obrigadas a deslocarem-se devido a conflitos ou perseguições. Em 2015, esse número passou para os 60 milhões.
Em 2011, entrevistado na RTP, António Guterres revelava o aumento que conseguiu no orçamento em tempo de crise, depois de ter encontrado a organização com graves problemas económicos. Atribuiu esse aumento a uma crescente confiança dos dadores.
O ACNUR é um dos organismos que movimenta um dos maiores orçamentos das Nações Unidas: 6.500 milhões de euros em 2015.
No perfil de Guterres disponibilizado pela página oficial do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR, em Português, UNHCR, na sigla internacional), pode ler-se que o político português foi responsável por “uma reforma estrutural profunda” do Alto Comissariado, reduzindo pessoal em Genebra em 20 por cento e “aumentando a relação custo-eficácia da organização e a capacidade de resposta de emergência”, além de promover a introdução de um financiamento orientado para as necessidades no terreno, com um triplicar de verbas aplicadas.

Durante dez anos, entre 2005 e 2015, António Guterres liderou o ACNUR, Alto Comissáriado das Nações Unidas para os Refugiados.


Esteve entre os líderes mundiais e esteve, claro, ao lado de Angelina Jolie, a atriz e embaixadora da Boa Vontade da ONU que acompanhou Guterres em muitos dos palcos mais trágicos de crises humanitárias. Pode não ser politicamente relevante, mas foi, sem dúvida, uma mais-valia mediática para cimentar a notoriedade internacional.
Em 2009 foi o único português a constar da lista dos 100 mais influentes do mundo pela revista Forbes. António Guterres ocupava o lugar 64, pela liderança do ACNUR, “agência completamente impotente para a maioria das pessoas, mas tremendamente poderosa para milhões de almas in extremis”.
“Não há solução humanitária para questões humanitárias. É sempre uma solução política”, defende Guterres.
Terminou o mandato a 31 de dezembro de 2015, levando consigo um profundo conhecimento da máquina das Nações Unidas, útil na corrida a secretário-geral.

Na página do Partido Socialista, é expresso o agradecimento público e o “profundo orgulho” no trabalho realizado por quem já foi o secretário-geral do partido. “António Guterres deixa no fim deste seu mandato um importante legado na defesa dos refugiados e dos Direitos Humanos, com um nível de recursos e de protagonismo que até então o Alto Comissariado para os Refugiados não possuía. Nunca, como até este momento, foi tão determinante a ação política das Nações Unidas na defesa dos refugiados e dos Direitos Humanos, o que é globalmente reconhecido”, refere o Partido Socialista.

Para a história ficam dez anos de mandato sem grandes polémicas pelo caminho e uma reconhecida competência no exercício do cargo. Houve algumas fricções que o acompanharam, como críticas lançadas pelo Gabinete do Alto Comissário à nova lei de imigração do Reino Unido e que teve como resposta do partido conservador britânico: “Não aceitamos lições de um socialista português”.


(Twitter oficial do Gabinete do porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon)

Por obrigação, o alto comissário tem de ter uma posição não política, de imparcialidade. Guterres, em entrevista, defendia que apesar disso a sua grande experiência política foi crucial, até para fintar as tentativas de manipulação que ia encontrando no terreno.
"É fazer as contas"
É talvez a citação que muitos têm na ponta da língua quando se fala de Guterres e de política. A gaffe teria sido viral, se naquela altura houvesse redes sociais.

Estávamos em maio de 1995, antes das eleições legislativas. Sobre as promessas para a saúde, Guterres argumentava que o orçamento do sector deveria ser 6 por cento do PIB. Um jornalista lança um “isso é quanto?” e o secretário-geral do PS acaba por “derrapar” na resposta. Entre hesitações, um valor de PIB errado, depois de longos segundos de embaraço, Guterres remata com um “é fazer as contas”.

A gaffe ficou no ouvido e na “estória”, mas certo é que em outubro de 1995, António Guterres é eleito primeiro-ministro. Para a História, era o início do que se chamaria o “guterrismo”. Um Governo da Nova Maioria, depois das maiorias absolutas de Cavaco Silva, com um discurso de ação social. Quem não se recorda da “Paixão pela Educaçao” ou de medidas como o Rendimento Mínimo Garantido?

Para os livros de política fica também aquele que foi, até hoje, o único governo minoritário a conseguir completar uma legislatura em Portugal.
(Eleições de 1995)

Os consensos foram um método de governação. Algo essencial quando não tinha maioria absoluta no Parlamento. Um estilo diferente de governação daquele vivido nos executivos de Cavaco Silva.
O primeiro mandato de Guterres foi altura de crescimento económico, boom urbanístico e euforia, com a concretização da Exposição Mundial, a Expo 98, em Lisboa.
No primeiro governo, Guterres, conhecido como diplomata, dialogante e bom negociador, consegue o feito de fazer passar à direita todos os orçamentos.

No primeiro ano, com o CDS e depois com o PSD de Marcelo Rebelo de Sousa, que lhe viabilizou três orçamentos de seguida. Uma negociação sempre no fio da navalha, num constante “dá e tira”. E sempre com o argumento da adesão de Portugal ao euro como pano de fundo.



Guterres cumpre o objetivo de conseguir governar. Ultrapassa o primeiro mandato como primeiro-ministro. Nas Legislativas de 1999 fica Foram dois anos em que Campelo foi o deputado que faltava aos socialistas para garantir a aprovação do Orçamento. à beira - literalmente à beira - de uma maioria absoluta: fica-lhe a faltar um deputado. Apenas um deputado.

Foi o tempo dos orçamentos “limiano” e do “mundo rural”. O nome “limiano” ficou pelas contrapartidas do governo a Ponte de Lima, mais concretamente a Daniel Campelo, deputado do CDS-PP, nomeadamente uma ajuda à construção de uma fábrica de queijo limiano, entre outras reivindicações.

“Cometi um erro político ao permitir a aprovação do chamado “Orçamento limiano”; devia ter dito que um chumbo na Assembleia da República levaria à minha demissão. Se isso acontecesse, candidatava-me novamente a primeiro-ministro. Já o último Orçamento [2002] quis que fosse aprovado para salvaguardar os interesses do país. Foi uma medida cautelar para tomar as medidas que quisesse depois das eleições, incluindo a minha demissão”, justifica Guterres, numa passagem de uma biografia escrita pelo jornalista Adelino Cunha, em 2013, em citação no Público. Uma biografia em que Guterres, no entanto, dizia não se rever na totalidade.



O “guterrismo” sofria desgaste. Pelas críticas ao Orçamento, psucessor no Governo, Durão Barroso, faz o discurso do “país de tanga”, sobre a forma como o PS deixou Portugal.
Antes, Cavaco Silva, dirigia a Guterres o artigo "O Monstro". "Há indicações de que hoje, em Portugal, o monstro anda à solta, atinge um tamanho alarmante e está incontrolável. O orçamento para o ano 2000, é a prova disso".
elo escândalo em 2000 da Fundação para a Prevenção e Segurança criada por dois homens próximos de Guterres (Armando Vara e Luís Patrão) e sobretudo pela tragédia de Entre-os-Rios e a queda da ponte Hintze Ribeiro que foi fatal para 59 pessoas, em março de 2001.

Uma tragédia que motivou a queda de Jorge Coelho, ministro do Equipamento e das Obras Públicas e homem-forte dos socialistas.

Guterres acabaria por se demitir meses depois, na sequência dos maus resultados nas eleições autárquicas de dezembro de 2001 e com a perda de câmaras chave como a de Lisboa e Porto.

Quando comunica a demissão, Guterres argumenta que o faz para evitar o "pântano político".


António Guterres apresenta a demissão a Jorge Sampaio, então Presidente da República. Uma quase ironia, já que foi a Sampaio que Guterres arrebatou o cargo de secretário-geral socialista anos antes. Desde aí, pode-se dizer que geriu o silêncio na vida poliítica portuguesa.


Euro, União e Timor
Guterres entrou na política para mudar as coisas socialmente. Mas a sua passagem pelo poder em Portugal teve um forte cunho de política externa.

Desde logo, pela presidência portuguesa da União Europeia, que decorreu de 1 de janeiro a 30 de junho de 2000.

Um período de intensa atividade, elogiada por líderes europeus, e que se saldou por um acordo de harmonização fiscal, mas sobretudo pelo que ficou conhecido como a Estratégia de Lisboa, um plano de desenvolvimento estratégico da União Europeia, um acordo sobre um novo objetivo estratégico para a União tendo em vista reforçar o emprego, a reforma económica e a coesão social no âmbito de uma economia baseada no conhecimento.

Mas, mais do que isso, Guterres deixa marca na adesão de Portugal ao euro no grupo de fundadores. Em 1998, é estabelecido no Conselho Europeu de Bruxelas o acordo sobre os países que adotarão o euro e, em 1999, onze países passam a ter o euro como unidade monetária.

A 1 de janeiro de 2002, o euro entra em circulação.

Em entrevista à RTP, em 2011, Guterres, já na pele de alto comissário para os Refugiados, argumentava que a Europa tinha criado uma moeda, mas “não avançámos para um processo de integração muito mais forte”. “Tudo se globalizou, menos a política”, argumentou então.



Guterres teve ainda a pasta do processo de entrega de Macau à China e envolveu-se na questão de Timor. Como primeiro-ministro, foi interveniente na intervenção internacional para deter a violência em Timor-Leste na sequência do referendo “Sempre procurei ser moderado. A moderação na ação é uma condição indispensável para executar uma radicalidade de convicções. Quando temos convicções profundas, podemos ser moderados na ação. Normalmente, é-se muito radical na ação quando não se está bem seguro daquilo que se quer”, argumentou Guterres em 2002. timorense pela independência, tendo a seu lado na diplomacia o ministro dos Negócios Estrangeiros Jaime Gama e Jorge Sampaio como Presidente da República.

Em 2002, António Guterres revelou ao Diário de Notícias que pensou em demitir-se em 1999, caso as Nações Unidas não tivessem intervindo. Dizia na altura que era “evidente que se o processo de independência tivesse sido comprometido e o genocídio se consumasse, eu próprio com a minha co-responsabilização na realização do referendo, teria de tirar todas as consequências no plano pessoal”.

Em setembro de 1999, Guterres teve uma conversa com o então Presidente norte-americano Bill Clinton, dizendo-lhe que mandaria retirar as tropas portuguesas nos Balcãs se a comunidade internacional não interviesse. Uma pressão em conjunto com apelos de Guterres junto do primeiro-ministro britânico, o amigo Tony Blair.



Certo é que a independência de Timor-Leste se consumou. Nas comemorações dos dez anos do referendo, tanto Guterres como Jaime Gama foram condecorados pelo Estado timorense. Quando o antigo primeiro-ministro português estava na corrida à posição de alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Alkatiri, primeiro-ministro timorense, dava-lhe apoio, considerando que Guterres “foi um dos líderes que defenderam com determinação os direitos do povo timorense, de outros povos do mundo e os princípios universais dos Direitos Humanos”.

António Guterres venceu por duas vezes as eleições Legislativas em Portugal, em 1995 e 1999, sendo primeiro-ministro desde 95 até 2002.


Em 1999, depois de se ter destacado nestes processos aAntónio Guterres assumiu ainda a presidência da Internacional Socialista, entre 1999 até 2005, altura em que se tornou alto comissário para os Refugiados. nível internacional, recebe o convite para ser presidente da Comissão Europeia.

Pesou na decisão a morte da sua mulher em 1998, bem como a situação do país. Numa entrevista em 2002 a Anabela Mota Ribeiro, confessava que “se alguma coisa me custou recusar foi a Comissão Europeia. Se tivesse uma lógica de ambição pessoal, deveria ter aceite naquele minuto. Entendi que não o devia fazer”, referindo-se a obrigações para com a vida política nacional. “Custou-me muito dizer que não”, conclui.
Voluntário, antes de político
A carreira política pode fazer supor que foi sempre esse o primeiro desejo. Não foi. A intervenção social, sim, terá sido o grande motor das opções que tomou e inspiração do discurso humanista.



António Guterres nasceu a 30 de abril de 1949, natural de Santos-o-Velho, Lisboa. Os primeiros seis anos da vida foram passados em grande parte na aldeia de Donas, concelho do Fundão, terra de origem da família. Aí, encontrou uma realidade de pobreza, situações de dificuldades, amigos de pé descalço.

Diz Guterres em entrevista de 2002 que tal lhe marcou “muito claramente um sentido de solidariedade com essas crianças, que eram os meus amigos. Que sofriam o que eu não sofria. Que tinham dificuldades que eu não tinha. E isso contribuiu decisivamente para mais tarde me dedicar à política e ter ideais socialistas”.
Não obstante, António Guterres conclui a licenciatura, com classificação de 19 valores. Torna-se Engenheiro Eletrotécnico pelo Instituto Superior Técnico.
Enquanto estudante universitário, participou em organizações católicas como a Juventude Universitária Católica. Integrou movimentos de trabalho social, em bairros da lata em Lisboa, na organização de colónias de férias e apoiou vítimas de cheias. Integrou o chamado Grupo da Luz, onde participavam por exemplo, Marcelo Rebelo de Sousa e o padre Vítor Melícias, com quem manteve profunda ligação. Foi dirigente da Sedes e fundador da Deco, Associação de Defesa do Consumidor.



Este confronto com a realidade terá determinado uma “inversão de caminho”. Na entrevista de 2002, disse que isso o fez “pensar que ser investigador em Física, o meu objetivo na altura, era capaz de ter uma utilidade social pouco relevante.

Formei-me em engenharia, trabalhei fundamentalmente como economista e dediquei-me à vida política com o objetivo de tentar, naGuterres foi despertando para a política. Antes da Revolução, não integrou a luta contra o regime de Salazar. Entrou para o Partido Socialista nos dias quentes da Revolução dos Cravos. Entra pela mão de António Reis. medida das minhas possibilidades, que situações como essa [de pobreza e exclusão social] pudessem desaparecer”.

Estreia-se como deputado na Assembleia da República logo em 1976, eleito pelo círculo de Castelo Branco. Foi chefe de gabinete em governos provisórios, fez parte de comissões parlamentares, membro do Conselho de Estado, líder do grupo parlamentar socialista. Recusou o convite para um governo de Soares.

Foi crescendo no partido e ficaram famosas as reuniões que organizou no seu sótão em Algés e que reuniam vários socialistas que conspiravam contra o então secretário-geral do PS, Mário Soares, como é contado na biografia de Adelino Cunha. Salgado Zenha foi a figura política que mais o marcou.
“Estado de choque”
Até que chegava a altura de chegar ao poder socialista. Em 1991, Jorge Sampaio é derrotado por Cavaco Silva, a segunda vez que este atinge a maioria absoluta. É o momento em que Guterres arranca em definitivo em direção à liderança dos socialistas. “Estes resultados deixam-me em estado de choque”, terá afirmado na altura.



No X congresso do partido, em 1992, torna-se secretário-geral do PS. Depois de assumir a liderança, consegue cativar uma franja importante da sociedade civil com os “Estados gerais da Nova Maioria”. E gera forte expectativa no país.

Nas legislativas de 1995, vence as eleições, enfrentando na altura Fernando Nogueira, o novo líder do PSD. Torna-se primeiro-ministro, o culminar do percurso político. Fica à frente do partido até 2002, depois de ter apresentado a demissão na sequência da derrota nas eleições autárquicas. Era o ponto final de Guterres na vida política nacional.



Sobre o percurso, Guterres dizia numa entrevista à jornalista da RTP Sandra Sousa que a vida política surgiu por ter sentido que ação de voluntariado não era suficiente e a resposta devia ser política. “Também percebi que a política tem limitações”. Como alto comissário das Nações Unidas sentia que tinha regressado um pouco às origens de ação social.

Como candidato a secretário-geral das Nações Unidas quererá continuar esse caminho. Nesse e noutro que afirmou em 2002: “Não está em causa para nenhum de nós, a não ser que se seja megalómano, querer salvar a humanidade. (…) Não vamos salvar a humanidade, vamos fazer aquilo que pudermos”.