Britânicos abrem operações na Síria com ataque a campo petrolífero

Escassas horas após a aprovação da Câmara dos Comuns, em Londres, quatro caças-bombardeiros Tornado partiram da base de Akroti, no Chipre, com destino a espaço aéreo sírio. Coube-lhes iniciar uma campanha britânica contra o Estado Islâmico que pode durar anos, como já admitiu o Governo de David Cameron.

Carlos Santos Neves - RTP /
A primeira investida da aviação militar britânica foi desencadeada horas após a aprovação da Câmara dos Comuns, em Londres Russell Cheyne - Reuters

Bombas teleguiadas Paveway IV e mísseis de precisão Brimstone compõem o arsenal transportado pelos primeiros caças britânicos da Real Força Aérea (RAF, na sigla inglesa) despachados para a Síria.“Isto não vai ser rápido”, advertiu o ministro britânico da Defesa, Michael Fallon, perspetivando uma campanha de anos, ao invés de meses.


Os bombardeamentos desta quinta-feira, revelou a BBC, concentraram-se sobre seis alvos numa exploração petrolífera do leste daquele país do Médio Oriente – uma estrutura alegadamente controlada pelo Estado Islâmico.

A derradeira ordem para o ataque saiu do ministro britânico da Defesa. Foi também Michael Fallon quem aprovou os primeiros alvos, antes mesmo da votação sobre o alargamento das operações no Iraque à Síria por parte da Câmara dos Comuns.
“Posso confirmar que quatro Tornados britânicos estiveram em ação depois da votação da noite passada, atacando campos petrolíferos no leste da Síria – os campos petrolíferos de Omar -, dos quais o Daesh obtém grande parte da sua receita”, adiantou Fallon, em declarações à emissora pública britânica.

“Estes ataques são um golpe muito real ao petróleo e às receitas de que os terroristas do Daesh dependem”, acrescentou o governante.
O céu é o limite

O titular da pasta da Defesa no Governo conservador de David Cameron fez ainda questão de frisar que o envolvimento da Grã-Bretanha será limitado às operações aéreas, excluindo, pelo menos por agora, o envio de tropas para o terreno.
A decisão do Parlamento britânico mereceu um aplauso imediato da Casa Branca, em Washington.
“O que é verdadeiramente importante na votação da noite passada [no Parlamento britânico] é que confirmou que a Grã-Bretanha é um aliado sério”, preferiu salientar Michael Fallon.

“Fomos em auxílio de França, que nos pediu ajuda com os nossos aviões da RAF, respondemos ao apelo das Nações Unidas para que todos os membros fizessem algo para suprimir o terrorismo e erradicar o porto seguro que o Daesh tem”, continuou.

Em declarações posteriores à estação ITV, o ministro da Defesa quis lembrar que a Grã-Bretanha já se encontrava entre os alvos em potência de operacionais do autoproclamado Estado Islâmico: “Somos um alvo e temos de fazer alguma coisa agora”.
Mendes Oliveira, Rui Magalhães - RTP

Na noite de quarta-feira, ao cabo de um dia de intensas trocas de argumentos político-partidários, sobretudo ideológicos, 397 dos membros da Câmara dos Comuns votaram a favor do alargamento dos bombardeamentos aéreos à Síria, contra outros 223 parlamentares.

Entre as fileiras dos trabalhistas, 66 legisladores votaram em sentido contrário à recomendação do líder da Oposição, Jeremy Corbin, alinhando com o pleito do Executivo.
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