Emigrantes portugueses ilegais nos EUA já receiam sair de casa

por Marcos Celso - RTP
Trump eleito apesar de polémico Reuters

A eleição de Trump e as ideias que defendeu em campanha deixam assustados alguns emigrantes portugueses, ilegais em certos casos.

A questão da imigração nos Estados Unidos foi um dos temas mais polémicos na eleição presidencial de 8 de novembro deste ano. Donald Trump acenou com a expulsão de muitos imigrantes ilegais do país quer acabar com as ordens executivas do ainda Presidente Barack Obama que impedem a expulsão em determindas condições, como é o caso, por exemplo, dos jovens imigrantes ilegais que chegaram ao país enquanto crianças.

Alguns emigrantes portugueses nos Estados Unidos estão em pânico com a recente eleição de Donald Trump para Presidente. As ameaças feitas durante a campanha eleitoral de uma deportação massiva dos imigrantes ilegais fez com que muitos portugueses, nas últimas semanas, sobretudo na região de Newark, tenham receio de sair de casa, encarem com algum receio o movimento de pessoas e carros desconhecidos nas zonas onde residem.

Temem igualmente que com a vitória de Trump os serviços de emigração passem de imediato para a ação.

O jornalista Sérgio Infante falou com um dos conselheiros das Comunidades Portuguesas na costa leste. Bruno Rocha confirma que uma pequena percentagem da comunidade portugesa está ilegal, lança um apelo à calma e diz que estes receios são causados fundamentalmente pela falta de informação.

Ainda em campanha eleitoral, Trump dizia: "Manteremos as famílias unidas, mas eles têm que ir embora".

Há ainda outras frases de Trump que ficaram na mente dos imigrantes: "Trabalharemos com eles. Têm que ir embora (...). Ou temos um país ou não temos um país"; "Temos que criar novos padrões" para os imigrantes que chegam aos Estados Unidos.

Segundo os números falados na campanha dos dois últimos meses, calcula-se que vivam mais de 11 milhões de imigrantes ilegais.

Trump prometeu também aumentar a taxa para concessão de vistos a mexicanos e para todos os cartões de travessia de fronteira, recuperando assim os custos do tão falado muro ao longo da fronteira entre os dois países.

Outra frase memorável em altura de campanha foi: "Uma nação sem fronteiras não é uma nação", que serviu de argumento para defender a construção do muro na fronteira sul com o México. Essa fronteira tem mais de 3200 km.

O magnata que será Presidente dos EUA em janeiro próximo é favorável ao fim "do direito à cidadania por nascimento", contemplado na Décima Quarta Emenda da Constituição, para os filhos de imigrantes ilegais.

O agora Presidente eleito também prometeu "triplicar" os funcionários do Escritório de Imigração e Alfândegas (ICE), que conta atualmente com cerca de 5 mil trabalhadores, e endurecer as penas para os "milhões de pessoas que vêm aos EUA com vistos temporários, mas se negam a ir embora".



São alguns dos exemplos que assustam os emigrantes na questão polémica sobre imigração e com os quais o Mundo não acreditava que poderiam ajudar à sua eleição. No entanto, a realidade é outra e motivou, desde logo, muitos protestos em cidades norte-aqmericanas, assim que Trump venceu a corrida à Casa Branca.

Uns dias após a eleição, Donald Trump veio a público dizer, em entrevista à CBS News, que está preparado para expulsar imediatamente dos Estados Unidos dois a três milhões de imigrantes sem documentos.

c/ Sérgio Infante e Nuno Rodrigues
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