Passaram 30 anos desde que a China implementou uma lei de controlo de natalidade que limita as famílias a um filho. Pequim, pressionada pela população, pode agora alterar esta política por estar próxima uma crise demográfica. A adoção da "política dos dois filhos" pode chegar até ao fim do ano a todos os casais.
Lu Jiehua, professor na Universidade de Pequim, acredita que a alteração pode chegar em 2016.
"Todas as políticas, regulamentações, formalidades e facilidades relevantes têm que ser reestruturadas para suportar a política, e isso leva tempo", sublinhou o professor de demografia.
Desde 1980, foram forçados milhões de abortos na China.
"Não foi definido um prazo para que os casais do país possam vir a ter um segundo filho", salientou a Comissão Nacional de Saúde e Planeamento Familiar da China, citada pelo britânico The Guardian.
Liang Zhongtang, da Academia de Ciências Sociais de Shangai, defende que a política que prevê um filho por casal "devia ter sido abolida há muito tempo".
"A questão principal nem é sobre um filho ou dois filhos. Tem a ver com liberdade de reprodução. Tem a ver com direitos humanos básicos", acrescentou.
Pressão e envelhecimento
Na base da decisão de alterar a regulamentação está, além da pressão da opinião pública, o envelhecimento da população chinesa, que está a trazer problemas ao país.
Apoiada pela proliferação do acesso à Internet, a pressão dos chineses sobre o Governo tem-se feito sentir com maior intensidade. A população opõe-se às leis de planeamento e controlo familiar e "o Governo tem que responder às exigências da população", destacou o demógrafo Liang.
Pequim acredita ter prevenido 400 milhões de nascimentos.
Especialistas em demografia têm alertado para o envelhecimento da população chinesa, contrastando com a diminuição da força de trabalho.
Eles dizem que a taxa de fertilidade não está a conseguir acompanhar os restantes índices.
Foto: Reuters
A população em idade ativa caiu em 3.71 milhões no ano passado, uma tendência que se prevê continuar. Segundo estimativas das Nações Unidas, o país terá perto de 440 milhões de pessoas com mais de 60 anos em 2050.
Raras exceções
Nos últimos anos, a política implementada há três décadas tem sido mais flexível, permitindo raras exceções à limitação de apenas uma criança.
As famílias de minorias étnicas e as rurais podiam ter um segundo filho caso o primeiro nascimento fosse de uma menina.
Desde 2013 foi também aberta uma exceção para os casais em que um dos pais fosse filho único.
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