Mundo
Europa pressionada a agir depois dos ataques de Paris: o que está em causa?
Os ministros da Justiça e do Interior da União Europeia reúnem-se em Bruxelas. O Governo francês exige um reforço da segurança nas fronteiras e quer que o Passenger Name Record avance de uma vez por todas. A necessidade de maior vigilância e cooperação entre Estados sai reforçada com a notícia da morte do alegado cérebro dos atentados de Paris. Afinal, como é que um dos homens mais procurados pela justiça europeia chegou a Paris sem que ninguém tivesse sido informado?
Uma semana depois do maior atentado no velho continente desde 2004, a Europa reúne-se em busca de soluções. A ameaça terrorista é inegável e Paris exige que Bruxelas tome medidas. Se nada for feito, afiança o primeiro-ministro francês, está em causa a liberdade de circulação no espaço Schengen.
“Se a Europa não assumir as suas responsabilidades, é todo o sistema de Schengen que será posto em causa”, deixou claro esta quinta-feira à noite, em entrevista à France 2. A pressão de Manuel Valls teve eco esta manhã pela voz do seu ministro do Interior.
“É urgente que a Europa se recomponha, se organize e se defenda contra a ameaça terrorista”, exortou Cazeneuve. “Desejamos que a Europa, que perdeu demasiado tempo em questões que são urgentes, tome hoje decisões que são necessárias”, prosseguiu.
Que medidas?
O Governo francês exige que Bruxelas reforce a segurança no espaço europeu. Paris quer que seja criado o mais rapidamente possível o chamado PNR, o Passenger Name Record. O PNR deverá conter os dados de todos aqueles que usam o transporte aéreo, de forma a serem monitorizadas as viagens de terroristas.
O projeto está já em curso, mas tem esbarrado no Parlamento Europeu. Paris exige que o PNR seja aprovado até ao fim do ano. Uma necessidade que aparece agora reforçada.
Afinal, as autoridades francesas abateram na quarta-feira Abdelhamid Abaaoud, apontado como cérebro dos atentados de Paris. Uma notícia que pode ter tanto de aliviante como de preocupante. Como conseguiu Abaaoud, para o qual há um mandato internacional, entrar em território europeu sem que ninguém fosse informado?
“Não sabemos”, admitiu Valls na quinta-feira. Cazeneuve lamentou que “nenhuma informação” tivesse sido transmitida por qualquer país europeu. A informação acabou por ser avançada pelas autoridades marroquinas. Sabe-se agora que, na véspera dos ataques, Abbaoud chegou mesmo a utilizar o metro parisiense.
O comissário europeu dos Assuntos Internos propôs esta manhã que seja criada uma agência europeia dos serviços de inteligência.
Uma ideia apresentada depois dos atentados que puseram a nu as dificuldades na partilha de informação entre países, nomeadamente entre os serviços secretos belgas e franceses.
O PNR ajudará a monitorizar, mas não se apresenta suficiente. Paris exige ainda que sejam reforçados os controlos nas fronteiras externas do espaço Schengen e maior cooperação na luta contra o tráfico de armas.
O governo francês pede ainda mais vigilância nas fronteiras entre Estados-membros, depois de Paris ter restabelecido os controlos fronteiriços após os atentados de 13 de novembro.
Europa apoia proposta francesa
Os ministros do Interior da União Europeia apoiaram a proposta apresentada por Paris de fazer uma revisão fundamental do tratado de Schengen para permitir um controlo sistemático dos cidadãos europeus nas fronteiras.
"Os Estados membros comprometem-se a aplicar imediatamente controlos necessariamente sistemáticos e coordenados nas fronteiras externas, incluindo de indivíduos com o direito à livre circulação", lê-se num projeto de declaração da reunião citado pela France Presse.
Responsáveis europeus precisaram à agência que os cidadãos europeus não vão ter os passaportes controlados, mas a sua informação pessoal será verificada em bases de dados.
Passaportes biométricos
Perante o perigo, as propostas não chegam só do Governo francês. A Suécia sugeriu que sejam introduzidos controlos por passaportes biométricos nas fronteiras externas. Uma forma mais segura e fidedigna de verificar a identidade dos viajantes.
Estocolmo vai também permitir a instalação de mais câmaras de videovigilância e quer atribuir mais poder às autoridades suecas. Um dos objetivos é que sejam monitorizadas as comunicações digitais, nomeadamente as realizadas através do Skype.
A Hungria vai mais longe. Para Budapeste, a atual situação exige que seja repensada toda a construção europeia. O primeiro-ministro húngaro associa o terrorismo à imigração, e considera que não é só a livre-circulação de pessoas que tem de ser redesenhada.
“É muito provável que tenhamos de reajustar os tratados basilares da União Europeia. Schengen pede correções. Se pensarmos na crise financeira na Grécia e nas respostas que foram dadas, a situação é a mesma”, apontou Viktor Orban, em entrevista à rádio pública húngara.
Paris ao ataque
Para além do campo europeu, a França joga também no tabuleiro internacional. Paris reforçou os ataques aéreos a alvos do autoproclamado Estado Islâmico em território sírio e iraquiano. O porta-aviões Charles de Gaulle aproxima-se já do Mediterrâneo oriental, para apoiar a força aérea gaulesa. A sua chegada permitirá triplicar a capacidade de ataque francesa na região.
Entretanto, o Governo de Valls pediu já ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que adote uma resolução que apele a que sejam “tomadas todas as medidas necessárias” contra o grupo terrorista.
O Presidente francês deverá deslocar-se na próxima semana a Moscovo e Washington para discutir com Vladimir Putin e Barack Obama quanto à estratégia a ser seguida na Síria.
“Se a Europa não assumir as suas responsabilidades, é todo o sistema de Schengen que será posto em causa”, deixou claro esta quinta-feira à noite, em entrevista à France 2. A pressão de Manuel Valls teve eco esta manhã pela voz do seu ministro do Interior.
“É urgente que a Europa se recomponha, se organize e se defenda contra a ameaça terrorista”, exortou Cazeneuve. “Desejamos que a Europa, que perdeu demasiado tempo em questões que são urgentes, tome hoje decisões que são necessárias”, prosseguiu.
Que medidas?
O Governo francês exige que Bruxelas reforce a segurança no espaço europeu. Paris quer que seja criado o mais rapidamente possível o chamado PNR, o Passenger Name Record. O PNR deverá conter os dados de todos aqueles que usam o transporte aéreo, de forma a serem monitorizadas as viagens de terroristas.
O projeto está já em curso, mas tem esbarrado no Parlamento Europeu. Paris exige que o PNR seja aprovado até ao fim do ano. Uma necessidade que aparece agora reforçada.
"Nous souhaitons que le #PNR européen soit adopté dans les meilleurs délais & avec un contenu qui le rende efficace" pic.twitter.com/qNbeSKGAu5
— La France dans l´UE (@RPFranceUE) November 20, 2015
Afinal, as autoridades francesas abateram na quarta-feira Abdelhamid Abaaoud, apontado como cérebro dos atentados de Paris. Uma notícia que pode ter tanto de aliviante como de preocupante. Como conseguiu Abaaoud, para o qual há um mandato internacional, entrar em território europeu sem que ninguém fosse informado?
“Não sabemos”, admitiu Valls na quinta-feira. Cazeneuve lamentou que “nenhuma informação” tivesse sido transmitida por qualquer país europeu. A informação acabou por ser avançada pelas autoridades marroquinas. Sabe-se agora que, na véspera dos ataques, Abbaoud chegou mesmo a utilizar o metro parisiense.
O comissário europeu dos Assuntos Internos propôs esta manhã que seja criada uma agência europeia dos serviços de inteligência.
Uma ideia apresentada depois dos atentados que puseram a nu as dificuldades na partilha de informação entre países, nomeadamente entre os serviços secretos belgas e franceses.
O PNR ajudará a monitorizar, mas não se apresenta suficiente. Paris exige ainda que sejam reforçados os controlos nas fronteiras externas do espaço Schengen e maior cooperação na luta contra o tráfico de armas.
O governo francês pede ainda mais vigilância nas fronteiras entre Estados-membros, depois de Paris ter restabelecido os controlos fronteiriços após os atentados de 13 de novembro.
Europa apoia proposta francesa
Os ministros do Interior da União Europeia apoiaram a proposta apresentada por Paris de fazer uma revisão fundamental do tratado de Schengen para permitir um controlo sistemático dos cidadãos europeus nas fronteiras.
"Os Estados membros comprometem-se a aplicar imediatamente controlos necessariamente sistemáticos e coordenados nas fronteiras externas, incluindo de indivíduos com o direito à livre circulação", lê-se num projeto de declaração da reunião citado pela France Presse.
Responsáveis europeus precisaram à agência que os cidadãos europeus não vão ter os passaportes controlados, mas a sua informação pessoal será verificada em bases de dados.
Passaportes biométricos
Perante o perigo, as propostas não chegam só do Governo francês. A Suécia sugeriu que sejam introduzidos controlos por passaportes biométricos nas fronteiras externas. Uma forma mais segura e fidedigna de verificar a identidade dos viajantes.
Estocolmo vai também permitir a instalação de mais câmaras de videovigilância e quer atribuir mais poder às autoridades suecas. Um dos objetivos é que sejam monitorizadas as comunicações digitais, nomeadamente as realizadas através do Skype.
A Hungria vai mais longe. Para Budapeste, a atual situação exige que seja repensada toda a construção europeia. O primeiro-ministro húngaro associa o terrorismo à imigração, e considera que não é só a livre-circulação de pessoas que tem de ser redesenhada.
“É muito provável que tenhamos de reajustar os tratados basilares da União Europeia. Schengen pede correções. Se pensarmos na crise financeira na Grécia e nas respostas que foram dadas, a situação é a mesma”, apontou Viktor Orban, em entrevista à rádio pública húngara.
Paris ao ataque
Para além do campo europeu, a França joga também no tabuleiro internacional. Paris reforçou os ataques aéreos a alvos do autoproclamado Estado Islâmico em território sírio e iraquiano. O porta-aviões Charles de Gaulle aproxima-se já do Mediterrâneo oriental, para apoiar a força aérea gaulesa. A sua chegada permitirá triplicar a capacidade de ataque francesa na região.
Entretanto, o Governo de Valls pediu já ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que adote uma resolução que apele a que sejam “tomadas todas as medidas necessárias” contra o grupo terrorista.
O Presidente francês deverá deslocar-se na próxima semana a Moscovo e Washington para discutir com Vladimir Putin e Barack Obama quanto à estratégia a ser seguida na Síria.