Europol: Portugal e Espanha com "repetidas ameaças" do Estado Islâmico

por RTP
Jerry Lampen - Reuters

Tem havido "repetidas ameaças" do grupo Estado Islâmico a Portugal e Espanha. A conclusão faz parte de um relatório divulgado esta quarta-feira pelo serviço europeu de polícia – Europol - sobre a situação e tendência do terrorismo na União Europeia, em 2016. E destaca ainda que ataques como os de Paris, em novembro do ano passado, podem ocorrer num "futuro próximo", na União Europeia.

A situação atual e a tendência do terrorismo na União Europeia é analisada num relatório da Europol em seis capítulos. No capítulo sobre o terrorismo jihadista e o Estado Islâmico (EI), o serviço europeu de polícia refere que o EI tem "repetidamente ameaçado a Península Ibérica e os membros da União Europeia da coligação anti-EI nos seus vídeos de propaganda, fazendo referências específicas à Bélgica, França, Itália e Reino Unido".

A Europol refere que os ataques de 13 de novembro, em Paris, que mataram 130 pessoas, introduziram uma tática para "causar mortes em massa", ao combinar o uso de armas pequenas com dispositivos explosivos improvisados, colocados em coletes suicidas.
"A forma como estes ataques foram preparados e perpetrados - planeados por repatriados, muito provavelmente a receber instruções da liderança do EI, incluindo o uso de recrutas locais para realizar os atentados - leva-nos à avaliação de que ataques semelhantes podem voltar a ser encenados na União Europeia, num futuro próximo", pode ler-se no documento.

Rob Wainwright, o diretor do serviço europeu de polícia, faz uma nota introdutória ao relatório, onde destaca que a França foi o país que mais sofreu em 2015, ao contabilizar 148 mortes e mais de 350 feridos em ataques realizados de janeiro a novembro.
"Lobos Solitários"
"Em 2015, assassinatos e ferimentos resultaram de ataques terroristas pouco sofisticados de lobos solitários e de ataques complexos e bem coordenados por grupos de militantes", referiu Rob Wainwright. E acrescentou: a "elevada ameaça para a UE de uma minoria fanática".

Recorde-se que já no passado mês de abril, foram reforçadas as medidas de segurança na sequência de uma mensagem que deixou Portugal como um possível alvo de ataque do Estado Islâmico. Oficialmente, as autoridades portugueses confirmam a veracidade de uma mensagem.

Sem alarmismo, a secretária-geral do Sistema de Segurança Interna admitiu na altura que "no contexto do que foi publicitado" a segurança tinha sido reforçada, desde logo, nos aeroportos nacionais.

Rita Marrafa de Carvalho, Vanessa Brízido - RTP (2 abril 2016)

O mesmo relatório da Europol refere que o número de ataques "aumentou ligeiramente" em 2015, em relação a 2014. O serviço de polícia registou, no ano passado, 211 ataques entre ações falhadas, fracassadas ou completadas em seis países da União Europeia, com quase metade (103) a ocorrer no Reino Unido, seguindo-se a França (72) e Espanha (25).

Destes atentados resultaram 151 mortos: 148 em França, dois na Dinamarca e um na Grécia , o que traduz uma subida muito elevada em relação a 2014 quando quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas.

"Como em 2014, as armas de fogo foram usadas, em pelo menos metade dos ataques registados pelos Estados-membros. Explosivos foram usados em 24 ataques (22%), o que é a continuação do decréscimo do uso deste modus operandi”, pode ler-se no documento.

Não é novidade que Portugal surge nas listas de alvos para o terrorismo jihadista. Felipe Pathé Duarte, do Observatório de Segurança, Terrorismo e Crime Organizado, já tinha referido este ano à RTP que o país "não está na linha da frente mas nunca deixou de ser um alvo do Daesh que quer reinstalar o Al Andaluz" - nome dado à Península Ibérica pelos seus conquistadores islâmicos do século VIII.

RTP (31 março 2016)

Já em relação a detenções realizadas em 2015, no quadro do terrorismo, a Europol indicou duas detenções de separatistas, realizadas em Portugal.

No total, foram detidos 1077 indivíduos, contra 774, em 2014, com a maior parte a ocorrer em França (424), Espanha (187) e Reino Unido (134). A maior parte das detenções estão relacionadas com o terrorismo jihadista (168).


c/Lusa
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