Membro da Renamo gravemente ferido a tiro na província moçambicana de Inhambane

por Lusa

O segundo vice-presidente da Assembleia Provincial de Inhambane, sul de Moçambique, eleito pela Renamo, principal partido de oposição, António Chulo, foi gravemente ferido a tiro na segunda-feira por três homens a monte, noticiou hoje a emissora pública.

Segundo a Rádio Moçambique, o dirigente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) foi atingido no abdómen, coluna e ombro perto da sua residência e encontra-se nos cuidados intensivos no hospital provincial de Inhambane.

Em declarações à Rádio Moçambique, o porta-voz da Assembleia Provincial de Inhambane, Américo Cumbe, lamentou a ocorrência, assinalando que o órgão está alarmado com o sucedido.

"Este acontecimento deixa-nos inquietos a todos nós e temos de fazer mais pressão para o esclarecimento desta triste notícia", afirmou Cumbe.

O porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou a ocorrência e disse que as autoridades estão a investigar.

"Há toda uma preocupação em esclarecer este crime. A polícia de Inhambane está a fazer tudo para trazer resultados", afirmou Inácio Dina, na conferência de imprensa semanal da PRM.

Em janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos, na cidade da Beira, capital da província de Sofala, centro do país, tendo o seu guarda-costas morrido no local.

O atentado a Bissopo continua por esclarecer.

No dia 09 do mês em curso, um representante da Renamo no Conselho Nacional de Defesa e Segurança de Moçambique, José Manuel, foi morto a tiro na Beira, por desconhecidos, num atentado que também vitimou mortalmente duas pessoas que viajavam na moto-táxi em que seguia.

A Renamo e a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, acusam-se mutuamente de levarem a cabo uma campanha de assassínios de quadros adversários, no âmbito da atual crise política e militar no país.

Na segunda-feira, a Renamo denunciou que duas sedes foram vandalizadas na província de Manica, centro do país, por desconhecidos.

Sofrimento Matequenha, delegado político provincial da Renamo em Manica, disse que a sede provincial do partido em Chimoio foi destruída parcialmente por fogo posto e uma outra no bairro da Soalpo, também na capital de Manica, foi incendiada.

Também na segunda-feira, a Agência de Informação de Moçambique noticiou, citando fontes policiais, que dois elementos da Renamo foram abatidos quando tentavam sabotar uma ponte na estrada N7, no posto de Honde, distrito de Báruè, uma região que tem sido fustigada por confrontos militares e emboscadas atribuídas a homens armados da oposição.

O porta-voz da PMR não se pronunciou hoje diretamente sobre este caso, limitando-se a dizer que "tudo quanto é tentativa de impedir a circulação das pessoas, quer por via de ameaças ou disparos, a polícia está repelir".

Foi também em Honde que uma enorme cratera, aberta no domingo na N7 após intensos confrontos militares, paralisou por completo a circulação na N7 e interrompendo a ligação rodoviária entre as províncias de Manica e Tete.

Moçambique vive um período de instabilidade política e militar, marcada pela exigência da Renamo em governar nas províncias onde reclama vitória nas últimas eleições, que considerou fraudulentas.

Desde fevereiro, foram registados vários ataques atribuídos pelas autoridades a homens armados da Renamo nas principais estradas do centro de Moçambique e que levaram o Governo a ativar escoltas militares obrigatórias a viaturas civis em dois troços na província de Sofala da N1, a principal via do país.

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