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Merkel explica a criança palestiniana porque pode ter de a deportar

por Graça Andrade Ramos

Foi durante um programa televisivo, gravado num liceu de Rostock, no norte da Alemanha. A Chanceler Angela Merkel ouvia adolescentes entre os 14 e os 17 anos, estrangeiros imigrados ilegalmente para a Alemanha e que deverão ser deportados.

"Eu tenho objetivos na vida como todas as pessoas. Quero ir para a Universidade, é um dos meu objetivos que quero alcançar", explica Reem, uma das adolescentes presentes, vinda dos campos de refugiados do Líbano e que fala já um alemão perfeito após estar na Alemanha há quatro anos. A família de Reem pediu asilo na Alemanha.

Merkel explica que a Alemanha não pode acolher todas as pessoas. O vídeo de Angela Merkel a dar palmadinhas no ombro de Reem e a elogia-la enquanto esta soluça, tornou-se viral após ser publicado na rede Twitter como #MerkelStreichelt (MerkelConforta).

"A politica é às vezes muito dura. Estás agora à minha frente e és uma pessoa extremamente simpática. Mas também sabes que nos campos de refugiados no Líbano estão milhares e milhares e se fossemos dizer podem vir todos... Não conseguimos fazer isso".

Merkel continua a dizer que espera que o processo de decidir que imigrantes e refugiados podem ficar e quais têm de ser deportados se acelere, lamentando que muitas crianças vão à escola mas depois para, comovida e dirige-se a Reem para a confortar.

A jovem, que além de árabe e de alemão, fala inglês, francês e sueco, desatou a chorar, após a resposta da Chanceler.
Cidades alemãs à beira do limite
A publicação do vídeo coincidiu com a revelação de novos dados sobre as dificuldades das cidades e vilas alemãs em acolher o número de refugiados que entram no país.

A maioria deles estão na Baviera, no sul. Tudo, desde quarteis a edifícios escolares vazios, contentores de navio e pavilhões desportivos, tem sido usado para alojar os imigrantes.

Eva Lohse, presidente do Conselho das Cidades Alemãs, disse que "estamos a chegar ao limite das nossas capacidades".

Nas últimas semanas registaram-se casos de ataques de habitantes locais contra os imigrantes, como fogo posto nos locais onde são alojados e centros de acolhimento alvejados a tiro. A tensão é crescente mas a policia limita-se a considerar os ataques como sintomas de xenofobia.

O ministro do Interior da Baviera, Joachim Herrmann, diz que são sobretudo as comunidades fronteiriças quem mais está a sofrer com o impacto dos imigrantes.

À rádio Deutschlandfunk, Herrmann explicou que, "só numa semana, tivemos mais de 5.000 novas chegadas, a maioria deles vindos dos balcãs e a maioria deles simplesmente abandonados à beira da estrada pelos traficantes. Temos de encontrar alojamento para todos eles".

Nos primeiros seis meses de 2015 o número de pedidos de asilo ultrapassou os 450.000, mais do dobro do total de 2014. A questão está a tornar-se um dos pontos mais debatidos na Alemanha.
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