Morreu embaixador angolano João Filipe Martins

por Agência LUSA

O embaixador de Angola na Suíça e representante de Luanda junto das Nações Unidas em Genebra, João Filipe Martins, morreu na madrugada de terça- feira, vítima de doença prolongada, informou hoje fonte diplomática.

O diplomata estava internado no Hospital Cantonal de Genebra há cerca de três semanas, precisou à Lusa o adido de imprensa da missão de Angola em Genebra, José Ribeiro.

João Filipe Martins, 62 anos, natural de Malange, concluiu os estudos primários no Centro Missionário do Quéssua, estudando no Liceu Salvador Correia em Luanda.

Em 1961 juntou-se à luta de libertação de Angola, estando envolvido na fuga, por via aérea, de um grupo de angolanos que acabou por ser detido depois na Nigéria.

Filipe Martins foi em seguida enviado para Lisboa.

Inicialmente detido na cadeia de Aljube, o diplomata foi em 1963 julgado por um tribunal militar que o condenou a dois anos de prisão e três anos de medidas de segurança com reclusão.

Acabou por terminar os estudos secundários na prisão de S. Paulo em Luanda, onde realizou ainda o exame de aptidão ao ensino superior.

Funcionário de várias empresas angolanas, incluindo a Lusolanda e a Alfredo Matos, conclui em 1971 a licenciatura, na faculdade de direito na Universidade Clássica de Lisboa, cidade onde depois se instalou.

Após o 25 de Abril foi um dos fundadores e principais dirigentes da Casa de Angola em Lisboa.

Depois da independência, ocupou importantes funções políticas e diplomáticas, entre as quais as de ministro da Informação, conselheiro do presidente para Assuntos Económicos, embaixador na Jugoslávia, reitor da Universidade Agostinho Neto e vice-ministro da Educação para o Ensino Médio e Superior.

João Filipe Martins foi ainda director dos Assuntos Jurídicos e Consulares do ministro das Relações Exteriores e governador da província de Malange.

Autor de várias obras, incluindo ensaios sobre filosofia e direito, realizou ainda importantes estudos etnográficos e sociológicos sobre os povos Ovimbundu e Bosquímano.

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