O ataque terrorista mais mortífero em Paris desde 1944

por RTP
Bandeiras a meia-haste no exterior da Assembleia Nacional em Paris Jacky Naegelen/Reuters

Nem na vaga de atentados que aterrorizaram Paris entre meados dos anos 70 e meados dos anos 80, nem nos ataques de setembro de 1986 do grupo de Fouad Ali Saleh, um tunisino com ligações ao Hezbollah, se deu um atentado tão mortífero na capital francesa, como o verificado esta manhã na redação do jornal satírico Charlie Hebdo.

Três homens armados e encapuzados dizimaram a tiro a redação do Charlie fazendo 10 mortos, entre eles os principais desenhadores e o seu diretor. Dois polícias foram igualmente atingidos, um deles executado com um tiro na cabeça depois de cair ferido, na calçada da rua junto ao jornal.Nunca a capital francesa viu tantos mortos num único atentado.

Já nos anos 70/80, a França tinha sido alvo de ações terroristas, tanto de grupos de extrema-esquerda e nacionalistas ou regionalista, como de grupos do Médio Oriente, Líbano e da Palestina, laicos e islamitas. Notoriamente o grupo de Abou Nidal, o grupo de Carlos Martel ou comandos ligados ao Hezbollah.

Só em 11 anos, de 1975 a 1986, a França estremeceu com 102 atentados, a maioria deles na capital.

Os alvos foram múltiplos, desde forças de segurança a políticos assassinados em plena rua, diplomatas, embaixadas e consulados, jornais, empresas de aviação e até a Chanel. Os motivos, políticos ou de reivindicação, mas nem sempre contra a França ou contra alvos especificamente franceses. A maioria foram perpetrados através de bombas, de outras vezes pela ação de um comando armado.
Os mais mortíferos até agora
Em 3 de outubro de 1980, um atentado contra a sinagoga da rua Copérnico fez quatro mortos. O mês ficou marcado por um total de seis atentados.

Dois anos depois, a 15 de julho de 1983, uma bomba colocada junto a um balcão das linhas aéreas turcas do aeroporto de Orly, pelo ASALA, uma organização arménia laica, fez oito mortos. A 9 de outubro, seis pessoas foram abatidas num tiroteio na rua Rosiers, numa ação anti-semita atribuída à Fatah - Conselho revolucionário de Abou Nidal.

E em 1986, um atentado do Hezbollah fez sete mortos na rua de Rennes.

Em 1995, entre julho e outubro, uma série de ataques em França, dos quais a maioria em Paris e atribuídos ao GIA, Grupo Islâmico Armado, argelino, fizeram no total oito mortos e 200 feridos.

Já 14 dias ao longo dos anos 60 do século XX em França ficaram marcados pelo terrorismo, tendo alguns registado de uma só vez a explosão de 15 e de 22 bombas. A maioria dos ataques foram realizados pelo OAS, Organização Armada Secreta - um grupo que defendia a permanência de França na Argélia.

O único dia em que se registou um maior número de mortos numa ação violenta em Paris foi o de 17 de outubro de 1961, em que pelo menos 30 pessoas perderam a vida em confrontos entre a polícia francesa e manifestantes pró-Argélia.
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