PR cessante alerta para risco de "ruturas fratricidas" em São Tomé e Príncipe

por Lusa

São Tomé, 27 jul (Lusa) - O Presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa, também candidato que recusa participar na segunda volta das eleições presidenciais de 07 de agosto, disse hoje que o seu país pode estar a correr o risco de "ruturas fratricidas".

"Vive-se hoje uma situação em que se deve poupar o país de uma rutura fratricida. É importante agir com serenidade e sentido de Estado. Foi a maneira como sempre pautei os meus atos", disse o chefe de Estado, num encontro no palácio presidencial com os representantes das missões diplomáticas acreditadas no país.

"De facto, neste momento particular da conjuntura política vivida no país, após a primeira volta das eleições e as peripécias que se lhe seguiram, impõe-se que sejam clarificadas algumas questões diretamente relacionadas com o período em que vivemos para que possamos encarar o futuro como um tempo mais promissor do que o presente", acrescentou o chefe de Estado.

Num discurso perante o corpo diplomático, Manuel Pinto da Costa considerou que "as instituições democráticas têm que dar prova de responsabilidade a todos os níveis e a todo o momento. A autoridade democrática é uma questão de regra e de escrupuloso cumprimento e sentido de serviço público".

Pinto da Costa considerou que "o que pode hoje estar em causa é, sobretudo, a consolidação do regime democrático".

"Hoje há dificuldades no horizonte. Por isso, precisamos de conjugar esforços para evitar que os problemas que atualmente enfrentamos ponham em causa as principais conquistas alcançadas até ao presente momento", disse o chefe de Estado são-tomense.

"Infelizmente, a nossa democracia ainda não atingiu patamares que garantam níveis mais elevados de qualidade no seu funcionamento. Não é aceitável deixar-se que as finalidades das instituições cedam aos interesses mesquinhos e as estratégias individuais ou de grupos", acrescentou.

Num discurso de seis páginas, Pinto da Costa sublinhou face ao processo conturbado das eleições presidenciais de 17 de julho, o país está "a viver um período difícil que é preciso saber ultrapassar".

"Vamos ter que colocar os interesses pessoais ou partidários longe dos interesses do Estado e da Nação", concluiu.

Pinto da Costa anunciou que recusa disputar a segunda volta das presidenciais, prevista para 07 de agosto, por considerar que

"participar num processo eleitoral tão viciado seria caucioná-lo".

O Tribunal Constitucional anunciou que Evaristo Carvalho, candidato apoiado pelo partido no Governo, a Ação Democrática Independente (ADI), concorrerá sozinho à segunda volta das presidenciais, caso Manuel Pinto da Costa, que ficou em segundo lugar na primeira volta, formalize a desistência.

No entanto, hoje, uma fonte daquele tribunal referiu que a desistência de Pinto da Costa não foi formalizada, o que significa que oficialmente ainda é candidato à segunda volta.

Os resultados provisórios divulgados logo após as eleições de 17 de julho deram a vitória a Evaristo Carvalho à primeira volta, mas os resultados oficiais ditaram a necessidade de uma segunda volta.

Segundo esses resultados, Evaristo Carvalho obteve 34.522 votos, o que corresponde a 49,88% dos votos expressos, seguido de Manuel Pinto da Costa com 17.188 votos (24,83%) e Maria das Neves com 16.828 (24,31%).

Num universo de 111.222 votantes, foram às urnas 71.524 eleitores, com uma abstenção de 35,69%.

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