Mundo
COVID-19
Primeira reportagem feita por telemóvel em Portugal foi há dez anos
Fazer um vídeo, ou realizar conversas por vídeo-chamada através de um telemóvel pode parecer uma coisa banal nos dias que correm. Mas até há bem pouco tempo, e estamos a falar de dez anos, a realidade ainda era complexa. O jornalista Armando Seixas Ferreira da RTP foi mesmo percursor neste campo.
Decorriam o ano de 2010, quando os céus da Europa foram contaminados por uma vasta nuvem de cinzas provenientes da erupção de um vulcão islandês, com um nome quase impronunciável.
O Eyjafjallajökull obrigou a uma paralisação generalizada do transporte aéreo europeu, afetando milhares de voos, causando uma espécie de efeito dominó em todo o mundo. Um efeito que actualmente também se verifica, mas por uma nuvem "invisível" de nome Covid-19.
Com as restrições de deslocação, impostas pelo vulcão, fazer chegar os repórteres aos diversos cantos da Europa demorava dias e só podia ser realizado por meios terrestres (rodoviários e ferroviários).
Armando Seixas Ferreira, no inicio de abril de 2010, e antes da erupção do vulcão islandês, deslocou-se, a serviço da RTP, a Bruxelas para tratar da logística e realizar reportagens sobre a Cimeira da NATO programada para essa altura. Mas a 14 desse mês o Eyjafjallajökull lançou toneladas de cinzas para os céus europeus, colocando em risco toda a circulação aérea.
"Nessa altura milhares de passageiros ficaram retidos nos países onde se encontravam, como foi o meu caso", refere o jornalista da RTP.
Um aparelho que à época começava a dar os primeiros passos na nova geração de comunicação.
Telemóvel utilizado pelo jornalista da RTP em 2010.
Além do mais, com as redes GSM e longe dos atuais 4G, transmitir imagens via telemóvel ainda comportava muitas limitações.
Vídeochamadas. Uma ferramenta do presente
Com a obrigação de ficar em casa devido à quase obrigatoriedade de confinamento, o uso das tecnologias para falar com o outro torna-se normal.
As famílias, muitas vezes separadas, utilizam estes meios para colmatar as falhas agora impostas pela epidemia. Mas não só.
A amizade que já era muitas das vezes valorizada nas redes sociais, tomou agora uma maior importância por esta via. Profissionalmente, os telemóveis são cada vez mais uma ferramenta para comunicar e estabelecer trocas comerciais.
O jornalismo também se aproveita destes meios, quer pontualmente quer por uso das imagens que chegam as redações enviadas pela população.
A primeira reportagem filmada com telemóvel na televisão portuguesa foi há precisamente dez anos.
O jornalista da RTP, actualmente na redacção da estação de serviço público de televisão, mesmo em tempo de surto epidémico, e questionado se atuaria da mesma forma e com as tecnologias ao dispor, responde com humor: “Voltaria a usar o telemóvel, mas…”
Veja aqui a reportagem da RTP, do jornalista Armando Seixas Ferreira, realizada no dia 19 de abril de 2010, com um telemóvel.