Em direto
Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

Rússia promete continuar operações na fronteira sírio-turca

por Graça Andrade Ramos - RTP
Vladimir Putin, Presidente da Rússia, disse a 24 de novembro de 2015, em Socchi, que o abate do avião russo pela Turquia era uma "facada nas costas". Maxim Shipenkov - Reuters

Apesar do incidente de terça-feira, em que um avião bombardeiro russo foi abatido por caças F-16 turcos, a Rússia garante que vai prosseguir com as suas operações na Síria contra os grupos armados que combatem o Governo de Damasco.

A garantia foi dada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, esta quarta-feira.

"Gostaríamos que os terroristas e militantes se mantivessem afastados da fronteira turca, mas infelizmente eles tendem a colocar-se no território sírio perto da fronteira turca", afirmou Peskov aos jornalistas.

As operações russas "continuarão, sem dúvida", acrescentou.

O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, avisou contudo a Rússia de que não pode atacar os turcomanos que habitam na área sob pretexto de lutar contra o grupo Estado Islâmico.

Perante os deputados do seu partido AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), num discurso no Parlamento turco, Davutoglu declarou ainda, esta manhã, que o seu país não tenciona agravar as tensões com a Rússia, "país amigo e vizinho".

"Não tencionamos por em perigo as nossas relações com a Federação da Rússia", garantiu.
Piloto resgatado vivo
O Ministério russo da Defesa confirmou esta manhã o resgate, vivo e bem de saúde, de um dos dois pilotos do avião bombardeiro russo Su-24M abatido por caças F-16 turcos na manhã de terça-feira.

O outro piloto morreu, alegadamente ferido após se ejetar e antes de chegar ao solo. A Rússia diz que foi depois executado por jihadistas.

A Turquia afirma que o aparelho russo violou o seu espaço aéreo e que os pilotos foram avisados antes de o avião ser abatido. A Rússia desmente que o aparelho tenha saído do espaço aéreo sírio e publicou imagens a comprová-lo.

O Governo russo reforçou todas as suas medidas de segurança e ameaça agora retaliar contra a Turquia nas frentes económica e humanitária.
"Islamização" da Turquia
Para o Governo russo, apesar de "trágico", o incidente de terça-feira não é o mais grave. "O problema é muito mais profundo", afirmou o Presidente russo Vladimir Putin, citado pela agência oficial TASS.

Putin acusa os líderes políticos de Ancara de estar a encorajar a islamização da sociedade turca.

"Observamos que a atual liderança da Turquia segue há já bastantes anos uma política deliberada de apoio à islamização do país", disse Putin.

Também esta quarta-feira o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, acusou a Turquia de, com o abate do avião russo, ter provado que apoia o auto-denominado grupo Estado Islâmico.

Em consequência do incidente de terça-feira, a Rússia está a reforçar as suas medidas de segurança na Síria, tendo enviado para a área um contra-torpedeiro equipado com sistemas anti-mísseis e revelando que os seus bombardeiros vão passar a ser escoltados por caças.

Putin corrigiu aparentemente o seu ministro da Defesa, dizendo que a Rússia vai enviar para a Síria o sistema anti-mísseis aéreos S-300 e não o S-400, como avançado horas antes.
pub