Samsung Galaxy Note 7: tudo o que pode correr mal na tecnologia topo de gama

por RTP
Kim Hong-Ji - Reuters

A gigante marca de tecnologia sul-coreana parou esta terça-feira a produção e suspendeu as vendas do seu mais recente modelo, o Galaxy Note 7. Desde que foi posto à venda já foram inúmeras as falhas graves que ocorreram nos telemóveis dos consumidores. A decisão da suspensão de vendas acontece depois das autoridades de defesa dos consumidores dos EUA, Coreia do Sul e China terem emitido alertas para a utilização do aparelho.

Nem dois meses passaram desde o lançamento do novo Samsung Galaxy Note 7. No entanto, a sua produção já foi suspensa.

Estes smartphones, desenhados para integrar as linhas topo de gama, já foram alvos de inúmeras queixas, havendo relatos de baterias a entrar em combustão e telefones que ficaram completamente destruídos.

Foram vários os motivos que levaram os fabricantes a retirar estes telemóveis do mercado. "Recentemente ajustámos o volume de produção e de saída para investigarmos de forma completa o controlo de qualidade, sendo o nosso principal objetivo, colocar a segurança do consumidor como prioridade", afirmou a empresa em comunicado.

"Para o benefício e segurança dos consumidores, parámos as vendas e a produção do Galaxy Note 7", acrescentam.

Este modelo está no mercado desde o dia 2 de Agosto deste ano, sendo comercializado ao preço de 859 euros na Europa e foi anunciado como o principal concorrente do iPhone 7, com data de lançamento marcada para uns meses depois.

Desde a data de lançamento que já foram registados 35 incidentes, quase todos relacionados com a combustão de baterias.


No verão, quando foi lançado, a empresa viu a sua quota de mercado subir 22 por cento no setor dos smartphones, e já vendeu cerca de quatro milhões de aparelhos. As estimativas de lucro iniciais atingiam os milhares de milhões de dólares.

No entanto, o registo de incidentes não parou de aumentar.
Proibido por algumas companhias aéreas
No dia 8 de Setembro, a Administração Federal de Aviação norte-americana alertou os utilizadores do Galaxy Note 7 para que não utilizassem este telemóvel em voos. Logo a seguir, a Comissão norte-americana de Defesa do Consumidor apelou a que os consumidores deixassem de usar este modelo até que o mesmo fosse substituído.

Alguns dias depois, a própria Samsung, consciente de que a sua reputação estava em causa, tentou tranquilizar os seus clientes garantindo que "a segurança e a tranquilidade são a sua prioridade". A administração desta empresa também anunciou que na semana seguinte iriam ser substituídas todas as unidades defeituosas.

No início de outubro, um mês após a maioria das queixas, o fabricante sul-coreano retomou as vendas no seu mercado interno. Nessa altura, 80 por cento dos seus clientes já tinham trocado de telemóvel.

No entanto, os utilizadores que ainda o tinham continuavam a queixar-se do sobreaquecimento do smartphone e da rápida descarga de bateria de que o telemóvel padecia. Um porta-voz da Samsung veio logo minimizar estas ocorrências, afirmando tratar-se de "casos isolados", que habitualmente se verificam no lançamento de novos produtos.

O mais recente incidente tornado público aconteceu no passado dia 5 de Outubro. Um avião da Southwest Airlines teve que ser evacuado porque o telemóvel de um passageiro pegou fogo. Tratava-se de um Samsung Galaxy Note 7. Já são várias as companhias aéreas que proibiram a utilização do Note 7 em voos comerciais.

Infelizmente, mais casos destes aconteceram nos EUA. Dois proprietários deste modelo acordaram a meio da noite com fumo no seu telemóvel.
Samsung cai na bolsa de Seul
Antes de anunciar o término da produção, a cotação da Samsung já tinha registado uma queda de oito por cento na bolsa de Seul, a maior queda de valor nos últimos oito anos.

Segundo alguns analistas, o fim do Galaxy Note 7 poderá representar uma perda nas vendas até 17 mil milhões de dólares para a companhia.

A este valor, ainda se terão de acrescentar os custos de destruição dos cerca de quatro milhões de telemóveis vendidos até hoje, calculado em 1,6 mil milhões de dólares.
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