Turquia: Atentados são uma resposta à radicalização do regime de Erdogan

por Rui Sá, João Fernando Ramos

"Na Turquia o Estado laico, que permitia conciliar o islão com a democracia, está em crise. Os atentados em Istambul são um sintoma disso mesmo". No Jornal 2 Nuno Severiano Teixeira fala numa crescente radicalização do Estado turco e na resposta violenta de quem se sente oprimido, nomeadamente as comunidades curdas.
Os atentados são uma resposta à radicalização do regime de Erdogan.

Istambul foi de novo alvo de um atentado à bomba. O quarto de grande dimensão este ano. Ninguém reivindicou o ataque, mas há uma marca curda na forma como foi levado a cabo.

O uso de um carro armadilhado, detonado à distância, é uma espécie de assinatura do PKK. O partido dos trabalhadores curdos levou a cabo vários atentados do género na Turquia. O último à menos de um mês também em Istambul.

No rescaldo deste atentado Erdogan acentua o discurso islâmico e fala em mártires.

No Jornal 2 Nuno Severiano Teixeira é taxativo: "O processo de concentração de poderes no presidente e a islamização social na Turquia estão a por em causa herança social de Ataturk e a causar radicalização num país que quer entrar para a União Europeia".

O ataque ao presidente turco chega da vizinha Síria. Bashar Al-Assad acusa Erdogan de ter uma agenda político-religiosa que compromete a estabilidade da região.

Um Curdistão livre e independente é negado pela Turquia, mas cada vez mais apoiado pela comunidade internacional depois do papel determinante deste povo no combate ao Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Bashar Al-Assad levanta dúvidas sobre o empenho da Turquia nessa coligação internacional contra o terrorismo

O xadrez político naquela região estratégica é ainda confuso e Bashar Al-Assad tenta por todos os meios encontrar pontos de apoio que evitem o seu afastamento da solução para o país tal como o ocidente defende.
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