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Viver perto de vias rodoviárias pode aumentar o risco de demência

por RTP
Viver perto de vias rodoviárias com intenso tráfego pode contribuir para o desenvolvimento de demência Joshua Roberts - Reuters

Um estudo realizado no Canadá e publicado na revista Lancet refere que a proximidade a vias rodoviárias de intenso tráfego poderá contribuir para o desenvolvimento de patologias associadas à degeneração cerebral. De acordo com os resultados deste trabalho, os indivíduos que habitam perto das estradas aumentam em 7% a probabilidade de sofrer de demência no futuro.

Viver perto de vias de intenso tráfego poderá aumentar o desenvolvimento de patologias associadas à demência, como o Alzheimer. O estudo agora conhecido alerta para o impacto da poluição atmosférica e sonora na saúde humana.

Os especialistas sugerem que o ruído, os gases libertados pelos automóveis e até as partículas de desgaste de pneus podem estar relacionados com o aumento da taxa de degeneração cerebral, na redução do tecido conjuntivo e no declínio dos níveis de cognição humana.

Filipe Santa-Bárbara - Antena 1

Os investigadores acompanharam 2 milhões de pessoas entre 2001 e 2012 em Ontário, com idades compreendidas entre os 20 e os 85 anos, utilizando os seus códigos postais para determinar a proximidade às vias.

Durantes estes 11 anos foram diagnosticados mais de 240 mil casos de demência e o maior risco foi sentido em áreas de intenso fluxo rodoviário.

Comparando o valor de risco e a distância dos edifícios às estradas principais, o relatório concluiu que os indivíduos que habitam a menos de 50 metros das vias aumentam em 7% o risco de desenvolvimento de patologias encefálicas. Os que vivem entre 50 a 100 metros reduzem o perigo para 4% e os que se encontram a mais de 100 metros têm 2% de probabilidade de neurodegeneração."O que se retira de importante deste estudo é a necessidade de manter o ar limpo nas cidades", referiu Rod Howard, professor da Universidade de Londres.

O Dr. Hong Chen, investigador do Centro de Saúde Pública em Ontário, e um dos autores deste estudo, afirmou que "o aumento do crescimento populacional e do fenómeno da urbanização colocaram as pessoas mais próximas ao tráfego".

"Com uma exposição generalizada ao tráfego e taxas crescentes de demência -mesmo um efeito modesto de perto - a exposição à estrada pode representar uma subcarga à saúde pública", explicou.

Ray Copes, chefe de saúde ambiental e ocupacional do mesmo centro explicou que "as implicações reais deste estudo não são para a escolha individual, mas para o âmbito social e político", acrescentando que a poluição do ar deve ser tida em conta no planeamento urbano e construção de edifícios para reduzir a exposição humana.

Atualmente quase 50 milhões de pessoas em todo o mundo apresentam sintomas de demência.
"As pessoas não devem ser indevidamente alertadas"

Outros analistas referem que as causas deste tipo de patologias ainda não são compreendidas, apesar do estudo contribuir para o avanço científico.

O neurocientista John Hardy, da Universidade de Londres, referiu que "estes estudos são extremamente complexos (...) e podem esconder outras variáveis que não são tidas em conta". "São necessárias mais pesquisas para entender este possível vínculo".  "As pessoas não devem ser indevidamente alertadas", afirmou este professor.

Outro especialista da Universidade de Londres, Rod Howard, afirmou que "a poluição atmosférica é prejudicial para a saúde em geral e este estudo não é diferente". "O risco de demência pode ser impulsionado por efeitos diretos ou indiretos quanto à proximidade das estradas", disse.

O melhor conselho para reduzir o risco de demência é deixar de fumar, fazer exercicio físico, apostar em atividades que estimulem o cérebro e optar por uma alimentação saúdavel e variada.
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