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Washington encerra dois edifícios e expulsa 35 diplomatas russos

por RTP
Jonathan Ernst, Reuters

Em resposta à interferência do Kremlin nas presidenciais que elegeram Donald Trump e à campanha contra membros do corpo diplomático americano em Moscovo, a Casa Branca decidiu expulsar 35 diplomatas russos que estavam destacados nos Estados Unidos. Moscovo já ameaçou com uma retaliação.

De acordo com uma fonte da Administração, os diplomatas russos têm 72 horas para deixar os Estados Unidos. O acesso às delegações russas será cortado a partir do meio-dia de sexta-feira: “Estas acções foram decididas em resposta à perseguição russa a diplomatas americanos e em resposta a práticas não consistentes com a diplomacia”.Depois das indicações deixadas por uma fonte da Administração em declarações à Reuters, a confirmação das sanções surgiu pelo próprio Presidente Barack Obama.

"Ordenei uma série de medidas em resposta ao agressivo ataque do Governo russo contra autoridades norte-americanas e a operações informáticas para interferir nas eleições nos Estados Unidos", afirma Obama, através de um comunicado, em que explica que "estas ações seguem-se a repetidos avisos privados e públicos feitos ao Governo russo e são uma resposta necessária e apropriada a esforços para lesar interesses norte-americanos, em violação das normas de comportamento internacional estabelecidas".

Entre as medidas anunciadas, há sanções contra as agências de serviços de informações russas FSB e GRU; a classificação de 35 agentes russos como persona non grata; e o encerramento de dois edifícios em Nova Iorque e e Maryland que os Estados Unidos dizem serem utilizadas para "objetivos relacionados com os serviços secretos".
Obama não aponta a Putin
Obama fez tudo menos acusar diretamente o Presidente russo, Vladimir Putin, de ter pessoalmente ordenado o ciberataque que muitos democratas pensam ter destruído as hipóteses de Hillary Clinton de vencer as renhidas eleições presidenciais de 8 de novembro que disputou com o republicano Donald Trump.

Os serviços secretos norte-americanos concluíram que o acesso a e-mails do Partido Democrata e da campanha de Hillary e a respetiva divulgação foram levados a cabo para pôr Trump - um 'outsider' da política que elogiou Putin - na Sala Oval.

As medidas anunciadas farão inevitavelmente aumentar a tensão entre Washington e Moscovo, quando faltam apenas três semanas para Trump suceder a Obama.

"Todos os cidadãos norte-americanos devem estar alarmados com as ações da Rússia", declarou o Presidente cessante.

"Além disso, os nossos diplomatas foram sujeitos a um nível inaceitável de perseguição em Moscovo por parte dos serviços de segurança russos e pela polícia durante o ano passado", frisou, acrescentando que "tais atividades têm consequências".
Outras sanções na calha
As sanções não se ficam por aqui, prosseguiu Obama, advertindo que os Estados Unidos tomarão outras medidas "no momento que escolherem", entre as quais "operações que não serão publicamente divulgadas".A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, reagiu já ao anúncio das sanções, afirmando que Moscovo irá responder a quaisquer "medidas hostis" de Washington.


"Os Estados Unidos e amigos e aliados de todo o mundo têm de trabalhar em conjunto para combater os esforços da Rússia para minar as normas de conduta internacional estabelecidas e interferir com a governação democrática", defendeu.

Antes das eleições de novembro, o Governo de Obama avisou a Rússia por canais diplomáticos para pôr termo às ingerências informáticas, de acordo com o diário Washington Post.

Obama também falou com Putin sobre o assunto numa cimeira do G20 na China, no início deste ano.

E cerca de uma semana antes do escrutínio, Washington enviou uma mensagem a Moscovo utilizando uma linha de comunicação especial de crise pela primeira vez, pedindo-lhe que parasse de interferir nas bases de dados estaduais de registo de eleitores e sistemas eleitorais - pedido aparentemente atendido por Moscovo, segundo as autoridades norte-americanas.
Kremlin ameaça retaliar
A Rússia vê nas sanções impostas pelos Estados Unidosuma forma de impedir o restabelecimento das relações bilaterais com a próxima Casa Branca, que será liderada por Donald Trump.

"Aquelas decisões unilaterais têm como objetivo prejudicar as relações e dificultar o seu restabelecimento no futuro", disse Konstantin Dolgov, representante do Kremlin para os Direitos Humanos, Democracia e Estado de Direito.

O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, disse que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reserva ao direito de responder às decisões norte-americanas com medidas de igual magnitude.


c/ Lusa
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