A Ponte

Cinquenta anos depois da inauguração, a ponte 25 de Abril continua a ser um marco a nível nacional e mesmo internacional.

De Salazar a 25 de Abril

A atribuição de nome à nova ponte sobre o Tejo não foi um processo simples. Em 1952 já tinha sido sugerido dar o nome de Ponte Salazar. Mais perto da data de inauguração, Arantes e Oliveira, na altura ministro das Obras Públicas, voltou a dar a mesma sugestão. Numa reunião de ministros em que Salazar não estava presente, essa solução reuniu o maior número de defensores, como se pode ler nas memórias do almirante Américo Thomaz. A decisão não agradou ao presidente do Conselho de Ministros, que sugeriu o nome de Ponte de Lisboa.

Apesar de contrariado, Salazar acabou por aceitar a decisão. Não deixou, no entanto, de afirmar, de acordo com F. Nogueira em Salazar, Vol, VI: O Último Combate: " Acreditem: os nomes de políticos só devem ser dados a monumentos e obras públicas 100 ou 200 anos depois da sua morte. Salvo nos casos dos chefes de Estado, sobretudo se estes forem reis, porque então se está a consagrar um símbolo da nação". Depois, em jeito de profecia, terminou: "O meu nome ainda há-de ser retirado da ponte e, por causa do que agora se fez, os senhores vão ter problemas".



No entanto, dois dias depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, "um grupo acabado de nascer espontaneamente sob a designação de 1º. Comité de Ação Popular inscreve em tinta negra o nome com que deveria passar a ser conhecida a emblemática obra de engenharia: Ponte 25 de Abril".

A ideia era erradicar tudo o que pudesse apelar à "filosofia político-ideológica" presente durante os anos do Estado Novo.

A 28 de abril de 1974, o jornal A Capital escrevia: "Os elementos do citado comité dividiram-se em duas equipas, uma delas encarregada de pintar as inscrições a negro, e a outra com a incumbência de, a poder de martelo e escopro, despojar as lápidas de algumas das letras ou palavras..."



No entanto, só a 5 de outubro de 1974 foi consumada a mudança de nome da ponte.

O Buzinão

Como escreve Luís F. Rodrigues em "A Ponte Inevitável", prevendo-se a necessidade de construir uma nossa travessia entre Lisboa e a margem sul do Tejo, o Estado português resolveu atribuir a concessão da conceção, do projeto, construção, financiamento, exploração e manutenção dessa nova travessia ao consórcio privado Lusoponte.

Delegando na Lusoponte a responsabilidade de obter o financiamento necessário para a realização de uma futura travessia, o Estado português não deixou de querer associar a essa fonte de receitas as portagens provenientes da Ponte 25 de Abril.

Em 1994, dias após ter sido publicado o decreto-lei que aprovava o contrato de concessão à Lusoponte, o Governo anunciou um aumento de portagens na Ponte 25 de Abril na ordem dos 50 por cento, de 100 para 150 escudos.

A indignação dos utentes foi geral. Num primeiro momento, os automobilistas começaram a pagar o aumento com notas de elevado valor, buzinando ininterruptamente como forma de protesto; num segundo momento, uma marcha lenta de camionistas deu origem ao bloqueio geral da ponte.



Meia Maratona


Desde 1991 que é possível, uma vez por ano, atravessar a Ponte 25 de Abril a pé. Foi nesse ano que se realizou a primeira edição da meia-maratona de Lisboa, uma prova de atletismo sob a alçada da IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo), e cujo ponto de partida é na praça das portagens da ponte, na margem sul do Tejo.


Créditos: Maratona Clube de Portugal

Rosa Mota foi a vencedora da primeira edição, com os restantes lugares do pódio feminino a serem ocupados por portuguesas.


Créditos: Maratona Clube de Portugal

Em 2016 realizou-se a 26ª edição, que contou com a presença de cerca de 35 mil participantes, um número bastante superior ao da primeira edição – 3.973 inscritos.

Realizou-se este domingo, 20 de março, mais uma meia-maratona de Lisboa. Veja aqui algumas fotografias captadas de uma perspetiva diferente.


Fotografias: Pedro A. Pina - RTP