Crianças retiradas às famílias custam caro ao Estado

por Sandra Felgueiras, Samuel Freire, Pedro Sousa

Advogados e famílias afetados pela retirada de crianças denunciam a existência de um negócio.

O Instituto de Segurança Social recusou-se a dar qualquer resposta a uma questão sobre quanto gasta o Estado com as crianças e jovens institucionalizados. O presidente deste organismo responsável pela gestão das verbas recusou mesmo o convite para estar em direto no Sexta às 11.

Contas feitas com base nos números oficiais revelam que desde 2006 até 2013 o número de crianças institucionalizadas desceu de 12.245 para 8.445.

Mas desde então tem vindo a subir. O último dado oficial aponta para 8.600 crianças institucionalizadas. Ora em média, o Estado paga 800 euros por cada criança, o que significa que por mês gasta 6,88 milhões euros. Por ano, dá uma despesa global de 82,56 milhões de euros

Haverá quem lucre? As instituições asseguram que as verbas que recebem do Estado são insuficientes para cobrir as despesas de funcionamento, mas só nos últimos dois anos apareceram mais 122 centros de acolhimento.

Certo é que, entre os 8.600 institucionalizados, há 882 crianças que estão em processo de adoção. A grande maioria - 573 - já tem mais de quatro anos. Grande parte dos casais candidatos à adoção pretendem crianças com menos de três.

Neste desencontro, há crianças que só abandonam as instituições na idade adulta e casais que nunca chegam a adotar. Alguns são ainda vítimas de relatórios falsos que procuram obrigá-los a desistir.
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