PJ recusa confirmar que Madeleine foi raptada

por Agência LUSA
PJ não descarta a hipótese de rapto RTP

O inspector chefe da Polícia Judiciária de Lisboa, Olegário de Sousa, disse que as provas de que dispõe não lhe permitem confirmar que Madeleine, a criança britânica desaparecida no Algarve, foi raptada.

"Todos os cenários são possíveis, mas estamos a investigar um desaparecimento, não sendo de descartar a hipótese de rapto", afirmou o inspector, que falava na Câmara Municipal de Portimão, onde leu uma declaração à comunicação social sobre o caso.

No sábado passado, o director da PJ de Faro, Guilhermino Encarnação, afirmou que as pistas em posse da Judiciária apontavam para a hipótese de rapto.

Falando no salão nobre da Câmara de Portimão, perante dezenas de repórteres portugueses e britânicos, Olegário de Sousa reconheceu que não tem quaisquer elementos que lhe permitam sustentar a hipótese de que Madeleine Mc Cann, de três anos, esteja viva ou morta.

No final de uma conferência de imprensa, em que leu um curto comunicado sobre o desenrolar das investigações, o inspector ressalvou, todavia, que "só há um cadáver depois de ele aparecer".

Repetindo inúmeras vezes que não podia responder a perguntas sobre o processo devido a imposições legais e para não prejudicar o desenrolar das investigações, o mesmo responsável sublinhou que é também a lei portuguesa que não permite a divulgação pública do retrato robot de um suspeito que a PJ tem em seu poder.

"Só as autoridades têm acesso ao retrato robot", disse.

Olegário de Sousa recusou também confirmar informações vindas hoje a público de que se trata de um suspeito de nacionalidade britânica.

Muito solicitado pelas dezenas de jornalistas ingleses presentes na sala, o inspector esforçou-se por explicar os condicionalismos da lei portuguesa, que não lhe permitem revelar detalhes da investigação, evitando, assim, as questões dos repórteres que a colocavam em causa.

Sobre o facto de não haver fiscalização permanente em todas as saídas do Algarve para o estrangeiro, Olegário de Sousa invocou o tratado europeu de Schengen, que "é independente da vontade das Polícias, porque se trata de um acordo político".

Quase 96 horas depois do desaparecimento da criança, esta foi a segunda vez que as autoridades responsáveis pela investigação vieram a público dar informações sobre o caso.

A investigação em curso tem sido caracterizada pelo mutismo em relação à comunicação social.

A reunião com os jornalistas estava inicialmente convocada para as instalações da PJ em Portimão, mas teve de se realizar no salão nobre da Câmara Municipal de Portimão devido à enorme afluência de repórteres.

A conferência de imprensa começou com duas horas de atraso relativamente ao previsto, o que Olegário de Sousa prometeu que não se repetirá.

O mesmo responsável colocou a hipótese de voltar a falar terça- feira à comunicação social.

A criança desapareceu quinta-feira à noite de um empreendimento turístico na zona da Praia da Luz, perto de Lagos, onde estava a dormir juntamente com os dois irmãos, enquanto os pais jantavam num restaurante próximo.

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