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Polémica sobre Colégio Militar derruba chefe do Estado-Maior do Exército

por RTP
O Comando do Exército é responsável pela tutela do Colégio Militar Hazir Reka - Reuters

O general Carlos Jerónimo apresentou a sua demissão, na sequência de declarações polémicas do subdiretor do Colégio Militar sobre o "tabu" da homossexualidade. Marcelo Rebelo de Sousa já aceitou o pedido de exoneração.

Segundo o Diário de Notícias, Carlos Jerónimo apresentou o seu pedido de demissão na tarde de quinta feira, estando deste essa altura pendente da aceitação por parte do chefe de Estado.

A participação do Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) demissionário numa cerimónia de lançamento da biografia do tenente-general Tomé Pinto, que estava marcada para a tarde de hoje, já não teve lugar.

Carlos Jerónimo, de 58 anos, ocupava o Comando do Exército desde 18 de fevereiro de 2014, tendo sido nomeado pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Segundo a página do Exército na internet, o general tem 41 anos de serviço militar e conta no currículo com o curso de Ciências Militares, arma de Infantaria, da Academia Militar, os cursos curriculares de carreira, o Curso de Estado-Maior e o Curso Superior de Comando e Direcção, do Instituto de Altos Estudos Militares, bem como os cursos de paraquedismo e instrutor monitor paraquedista. 

Enquanto major-general, Carlos Jerónimo chefiou o Centro de Informações e Segurança Militar, do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2010 e 2012, e foi comandante das forças terrestres de setembro de 2012 a fevereiro de 2014, altura em que tomou o cargo de CEME.
Discriminação no Colégio Militar
Questionado pela Agência Lusa sobre esta demissão, o gabinete do Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), através do coronel Helder Perdigão, referiu que "este é um assunto da esfera do Exército" e remeteu para aquele ramo qualquer declaração.

Em causa estarão as polémicas declarações de António Grilo, subdiretor do Colégio Militar, sobre a aceitação da homossexualidade na instituição. O responsável admitia a atitude discriminatória e situação de exclusão destes alunos no meio escolar, numa reportagem do Observador.

"Nas situações de afetos (homossexualidade) obviamente não podemos fazer transferência de escola. Falamos com o encarregado de educação para que percebam que o filho acabou de perder espaço de convivência interna e a partir daí vai ter grandes dificuldades de relacionamento com os pares. Porque é o que se verifica. São excluídos", referia António Grilo.
Reação do Ministério da Defesa
Na sequência destas declarações, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, exigiu explicações ao chefe do Estado-Maior, reiterando que "o Ministério da Defesa Nacional considera absolutamente inaceitável qualquer situação de discriminação, seja por questões de orientação sexual ou quaisquer outras, conforme determinam a Constituição e a Lei".

"Considerando que declarações atribuídas à direção do Colégio podem configurar uma inaceitável discriminação face à orientação sexual, por decisão do Senhor Ministro da Defesa Nacional, foi solicitado ao Comando do Exército, que é a entidade que detém a tutela deste estabelecimento militar de ensino, o devido esclarecimento sobre o teor de tais declarações, bem como sobre as medidas que pretende adotar, enquanto responsável pelas orientações superiores deste estabelecimento militar de ensino", pode ler-se numa comunicação escrita pelo ministério de Azeredo Lopes, divulgada na quarta-feira pelo DN.

O Bloco de Esquerda também exigiu desde logo explicações numa audição da direção do Colégio Militar no Parlamento, por considerar que as declarações do subdiretor "naturalizam" a exclusão e discriminação no meio escolar.

Na nota publicada no site da Presidência da República, o Presidente da República aceitou o pedido de demissão do General, a quem agradece "os relevantes serviços prestados ao País".
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