Região Centro quer aeroporto e aponta vantagens da base aérea de Monte Real

por Lusa

Leiria, 11 abr (Lusa) -- A criação de um aeroporto na região Centro, a única região plano do país sem uma infraestrutura aeroportuária, é defendida por várias entidades que apontam as vantagens da abertura ao tráfego civil da base aérea de Monte Real, Leiria.

As mesmas entidades rejeitam a repetição do exemplo de Beja, onde o aeroporto, resultado do aproveitamento civil da base aérea n.º 11 e a operar desde o dia 13 de abril de 2011, após investimento de 33 milhões de euros, está praticamente vazio e sem voos ou passageiros na maioria dos dias.

"Os estudos estão feitos e mostram que se justifica uma infraestrutura aeroportuária na região Centro que permita voos internacionais. Não é preciso estudos novos, os que existem concluíram pela vantagem de construir um aeroporto civil na base aérea de Monte Real", disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado.

Para Manuel Machado, se o objetivo é aumentar o número de visitantes, a região tem de ter um acesso por via aérea, salientando, contudo, que não dispensa a modernização da linha ferroviária da Beira Alta "para servir adequadamente as pessoas e o transporte de mercadorias".

O presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, referiu que, entre as "condições essenciais para o desenvolvimento" do setor, o transporte aéreo é "determinante".

Pedro Machado reitera apoio à solução de Monte Real, justificando com questões financeiras e a proximidade de Fátima, "onde se deslocam anualmente quatro milhões de pessoas".

Considerando que será apenas necessário "um suplemento financeiro para a base ter condições para passar a operar aviões civis", o responsável da entidade regional, que abrange 100 concelhos, assinalou que "o Instituto Nacional de Aviação Civil diz que 1,2 milhões de passageiros tornam sustentável uma operação aeroportuária", pelo que Monte Real é "um risco absolutamente calculado".

Para o ex-deputado socialista Henrique Neto, defensor da aviação civil em Monte Real, este será um "fator de reforço da economia da região", mas o facto de "terem passado tantos anos sem nada ter sido feito nesse sentido" leva-o a assumir que "as pessoas que podiam desbloquear esta situação não querem".

Garantindo que Monte Real não será como Beja, a que se opôs, Henrique Neto referiu-se a este último como um "elefante branco, onde se estragou dinheiro", e acrescentou que no primeiro se poderia aproveitar a pista e a gestão dos militares.

"Economia de custos" e "localização" são os argumentos que o presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, aponta para o eventual tráfego civil em Monte Real, convicto de que "se aprendeu com erros cometidos noutros locais".

Raul Castro reconhece que a decisão de compatibilizar o uso civil e militar da base, como ocorre noutros locais, é do Governo, mas admite que o investimento tem de ser privado, referindo, sem especificar, que existem conversações com um grupo investidor.

A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Ana Abrunhosa, defende que, atendendo às "fortes restrições orçamentais" do país, a criação de um aeroporto na região não é uma prioridade.

"Se não vivêssemos tempos de fortes restrições financeiras, eu seria a primeira a defender e a lutar por esse projeto", que poderia ser concretizado através do aproveitamento de "uma infraestrutura já existente", como a base de Monte Real, assegura.

Diversas áreas da região Centro "estão a uma hora do aeroporto do Porto" e, noutros casos, do de Lisboa, sublinha a presidente da CCDRC, que, por isso, e atendendo "à contenção financeira" que Portugal vive, reconhece que "não se justifica" tal projeto.

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