Taxistas dão protesto por concluído e regressam à luta na segunda-feira

Eram quase 2h30 de terça-feira quando os taxistas decidiram desmobilizar, convencidos perante a argumentação da ANTRAL, Federação Portuguesa do Táxi e o receio de uma ação policial. Terminou assim uma longa manifestação marcada pelo bloqueio da Rotunda do Relógio e dos acessos ao aeroporto em protesto contra os motoristas de serviços como a Uber e a Cabify.

RTP /
Manuel de Almeida - Lusa

A marcha era para ser longa e acabar de dia. A distância foi afinal pequena mas o protesto acabou já só à noite. Os taxistas acabaram por assentar arraiais na Rotunda do Relógio, não seguindo viagem rumo à Assembleia da República.

Ao início da madrugada, tudo levava a querer que ali ficariam toda a noite. No entanto, tudo mudou perante a argumentação dos dirigentes da ANTRAL, da Federação Portuguesa do Táxi e o receio de uma ação da polícia.
Depois do Prós e Contras
Depois de terem participado no programa Prós e Contras, Carlos Ramos e Florêncio de Almeida regressaram à Rotunda do Relógio. Se na RTP tinha garantido ficar por "tempo indeterminado", o tom do discurso mudou ao chegar às imediações do aeroporto.

O Presidente da Federação Portuguesa do Táxi explicou que se reuniram com a equipa do secretário de Estado e que não havia cedências por parte do Governo quanto à limitação do número de motoristas ao serviço de plataformas como a Uber. Mesmo assim, defendeu que havia vitórias.

Apesar de parecer inicialmente desalinhado com o presidente da ANTRAL, os dois acabaram por defender a título pessoal a desmobilização do protesto. A maioria dos taxistas parecia contra. "Viemos de manhã como galos e agora vamos como umas verdadeiras galinhas", comentava à RTP um dos taxistas que criticava a "cobardia" dos dirigentes das associações.

Apesar das críticas, a FPT e a ANTRAL insistiram nos riscos da manutenção do protesto, revelando mesmo os planos da polícia para o reboque de veículos. Os profissionais acabaram por ficar convencidos, depois de Florêncio de Almeida ter prometido novo protesto na próxima semana.

A luta deverá ser feita em diferentes pontos do país com protestos, nomeadamente, em Lisboa, Faro e Porto. Um dos pontos de protesto deverá ser o Palácio de Belém, residência oficial do Presidente da República.
Confrontos
Concluída por volta das 2h30 de terça-feira, a manifestação dos taxistas fica marcada por vários momentos de tensão com as autoridades policiais. Os protestantes responsabilizam mesmo a polícia pelo facto de a marcha lenta não ter seguido até à Assembleia da República.

As associações do setor afirmam que a polícia começou a cortar o cordão que seguia em direção ao Parlamento, desrespeitando a vontade expressa pelos taxistas. Houve ainda momentos de tensão quando alegados motoristas ao serviço da Uber se aproximavam da manifestação.

Um carro ao serviço da plataforma tecnológica foi mesmo vandalizado por taxistas. Durante o dia, três motoristas de táxi foram detidos.
Reunião sem acordo
Durante o dia, houve diálogo entre taxistas e Governo, mas as divergências mostraram-se sempre mais relevantes que os pontos de concórdia. Os representantes dos taxistas não aceitam a lei que o Governo quer aplicar e exigem que seja introduzido um número máximo de viaturas ao serviço da Uber e da Cabify. Uma exigência que o Governo não aceita.

A reunião entre os representantes do setor do táxi em Portugal e o ministro João Pedro Matos Fernandes começou às 12h30 e durou três horas. O ministro do Ambiente considerou o encontro produtivo mas assumiu que existiam divergências profundas.

Ao início da noite, o ministro do Ambiente disse mesmo que o protesto parecia ser "ilegítimo", por não respeitar o plano e, adiantou, que a situação se tornou num "problema de ordem pública".

Os dirigentes das associações profissionais voltaram a reencontrar-se com a equipa do Governo no fim do Prós e Contras. Por volta das 2h30, o protesto foi dado como terminado. Os taxistas regressam às ruas na segunda-feira.

Milhares de taxistas de todo o país protestam esta segunda-feira em Lisboa contra as plataformas tecnológicas de transporte de passageiros Uber e Cabify. Esta manhã viveram-se momentos de grande tensão entre a PSP e os taxistas.

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