CDS-PP acusa Mário Centeno de mentir no Parlamento sobre a Caixa Geral de Depósitos

por RTP
João Relvas - Lusa

O CDS-PP volta a acusar o Ministro das Finanças de mentir à Comissão de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos. O porta-voz João Almeida sublinha que Mário Centeno disse que não existiam documentos, que afinal existem.

O porta-voz do CDS-PP alertou esta quinta-feira o ministro das Finanças para as "consequências penais" de mentir a uma comissão de inquérito, na sequência da polémica com o antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos.

O porta-voz dos democratas-cristãos, João Almeida, lembrou um pedido efetuado em novembro para aceder a correspondência e comunicação trocada entre António Domingues e a tutela, à qual o Ministério das Finanças respondeu, em janeiro, que "inexistem trocas de comunicações com as características descritas".

Em conferência de imprensa, no parlamento, o deputado centrista admitiu perguntar ao ministro das Finanças "se quer voltar atrás na resposta que deu" e prometeu não deixar de "voltar a chamar António Domingues para dizer se existem ou não documentos que até ao momento o ministério e o Governo têm dito que não existem".

João Almeida lembrou a possibilidade de Centeno "cair na moldura penal de perjúrio", uma vez que os inquéritos parlamentares têm "poderes idênticos aos dos processos judiciais".

"Relativamente à quebra de verdade pelo ministro das Finanças, essa é inequívoca. Poderá estender-se ainda mais com a análise de documentos que, por enquanto, estão sob reserva, mas é evidente já que o ministro das Finanças disse à comissão de inquérito que inexistia aquilo que existe", disse o parlamentar democrata-cristão.
Demissão de Centeno?
Para os centristas, "quem tem [a responsabilidade] é o primeiro-ministro, que saberá se quer manter no Governo alguém que disse ao parlamento que inexistia documentação que, afinal, existe".

"As consequências penais são cair na moldura penal de um crime de perjúrio e mentir, prestar falsas declarações. São idênticas àquilo que existe num processo judicial porque a comissão de inquérito tem poderes idênticos", especificou.

João Almeida, confrontado com a pergunta sobre se o CDS-PP exige a demissão de Mário Centeno, à semelhança do eurodeputado do PSD Paulo Rangel, concluiu algo "factual": "O CDS não pode demitir o ministro das Finanças".

"Cabe ao primeiro-ministro e nós não deixaremos de atribuir a responsabilidade a quem a tem. É muito útil ao primeiro-ministro que a questão se ponha entre os partidos da oposição e o ministro das Finanças. O primeiro-ministro já mostrou que é exímio a pôr as questões nesses termos para não assumir responsabilidades. Nós poremos sempre a responsabilidade em quem a tem, que é o primeiro-ministro", concluiu.
Centeno volta à Comissão

O ministro das Finanças vai voltar a ser ouvido na comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. O PSD apresentou um requerimento potestativo. Na semana passada, o partido já tinha pedido a audição de Mário Centeno mas PS, BE e PCP tinham inviabilizado a nova audição.

Os sociais-democratas avançam com o requerimento numa altura em que há novas informações sobre o tempo em que António Domingues foi presidente do banco.

O PSD já informou que vai apresentar outro requerimento potestativo para que a Comissão de Inquérito possa ouvir Armando Vara, antigo vice-presidente da Caixa. Também esta audição tinha sido chumbada pela esquerda.

c/ Lusa

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