Paulo Portas apresenta demissão a Passos Coelho

por Paulo Alexandre Amaral, RTP
Reuters

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros apresentou a meio da tarde desta terça-feira a sua demissão ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, abandona o Governo no dia em que é dada posse a Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças indigitada após a demissão de Vítor Gaspar. É precisamente a escolha da nova ministra que está na base da saída de Paulo Portas.

De acordo com um comunicado enviado por Paulo Portas à Agência Lusa, a decisão "é irrevogável". Paulo Portas contesta a escolha de Maria Luís Albuquerque para as Finanças, que considera uma substituição que favorece a continuidade de políticas desenhadas por Vítor gaspar e das quais discorda.As razões de Paulo Portas

"O Primeiro-Ministro entendeu seguir o caminho da mera continuidade no Ministério das Finanças. Respeito mas discordo.

Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao Primeiro-Ministro que, ainda assim, confirmou a sua escolha. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um acto de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível.

Ao longo destes dois anos protegi até ao limite das minhas forças o valor da estabilidade. Porém, a forma como, reiteradamente, as decisões são tomadas no Governo torna, efetivamente, dispensável o meu contributo."


"São conhecidas as diferenças políticas que tive com o ministro das Finanças. A sua decisão pessoal de sair permitia abrir um ciclo político e económico diferente", sustenta Portas neste texto entregue à Lusa, para deixar um lamento: "A escolha feita pelo Primeiro-Ministro teria, por isso, de ser especialmente cuidadosa e consensual".

Para Portas, a saída de Vítor Gaspar deveria "permitir abrir um ciclo político e económico diferente".

"A escolha feita pelo primeiro-ministro teria, por isso, de ser especialmente cuidadosa e consensual. (...) Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao primeiro-ministro que, ainda assim, confirmou a sua escolha [de Maria Luís Albuquerque]. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um ato de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível", pode ler-se no comunicado do ministro demissionário.

Entretanto, Belém manteve a tomada de posse da nova ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e dos novos secretários de Estado. Hélder Manuel Gomes dos Reis substitui Luís Sarmento como secretário de Estado Adjunto e do Orçamento e Joaquim Pais Jorge assume a pasta da secretaria de Estado do Tesouro. A restante equipa de Vítor Gaspar mantém-se inalterada.
Portas convoca comissão executiva do CDS para quarta-feira
Paulo Portas, presidente do CDS-PP, convocou para esta quarta-feira uma reunião da comissão executiva dos democratas-cristãos, avança a Lusa com base em fontes do partido.
Direção do PSD reunida
A Lusa avança ainda que a direção nacional do PSD esteve reunida durante a tarde com a presença de Pedro Passos Coelho.

Fonte social-democrata adiantou à Lusa que antes de ser conhecida a demissão de Portas estava já prevista uma reunião semanal da comissão permanente do PSD, órgão mais restrito da direção, seguida de uma reunião da comissão política nacional e de um jantar com as estruturas distritais do partido.
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