A importância dos `swing states` nas presidenciais americanas

por Sérgio Alexandre - RTP
Foto: Reuters/Mark Makela

Há estados que são tradicionais bastiões do Partido Democrata ou do Partido Republicano. Mas há outros que não têm uma tendência fixa de voto ao longo das décadas, o que torna mais difícil fazer previsões seguras. São os swing states, e é neles que as candidaturas de Clinton e Trump têm os olhos postos.

Ao contrário do que acontece, por exemplo, em Portugal, os cidadãos dos Estados Unidos da América não elegem diretamente o seu Presidente. Em vez da contabilização dos votos individuais, com o vencedor a ser o que consegue a maioria simples, o norte-americano vota para determinar a composição de um órgão designado Colégio Eleitoral que, esse sim, irá decidir quem é o Chefe de Estado.

Olhando para a tendência da votação estado a estado ao longo das décadas, observa-se que a grande maioria pode ser considerada “território seguro” de um ou de outro partido (Democrata ou Republicano), porque o resultado sempre se inclinou para o mesmo lado. No entanto, em alguns estados, os resultados eleitorais têm oscilado, o que os torna imprevisíveis em termos estatísticos. Pode também dar-se o caso de as sondagens mais recentes não permitirem uma perspetiva sólida sobre quem será o vencedor. Aos estados que apresentam uma destas características, atribui-se a qualificação de swing states (estados oscilantes ou indecisos) e é por terem essa característica que os principais candidatos a Presidente aí concentram os seus esforços durante a campanha eleitoral.

Tal como todos os outros, os swing states são mais importantes para estas eleições consoante o número de eleitores que cada um tem, porque quanto mais tiver, maior a influência no Colégio Eleitoral. No caso de uma votação muito disputada, como se prevê que esta seja, podem ser fundamentais para o resultado final.

No Colégio Eleitoral estão representados os 50 estados que compõem o país, mais o distrito federal de Washington D.C. No entanto, cada estado tem um peso relativo diferente nessa representação, que varia consoante a população, ou melhor, o número de eleitores. Quanto mais populoso for um estado, mais votos tem no Colégio Eleitoral. Por exemplo, o estado da Califórnia (o mais populoso do país, com cerca de 40 milhões de habitantes) “vale” 55 votos no Colégio Eleitoral, mas o estado do Montana (pouco mais de um milhão), só “vale” três. Há outra particularidade: em cada estado, a candidatura presidencial vencedora fica com todos os votos disponíveis, não há divisão proporcional. Pegando no exemplo anterior, quem ganhar na Califórnia fica com os 55 votos que são atribuídos a este estado no Colégio Eleitoral.

Na prática, a votação desta terça-feira serve para eleger as listas de membros do Colégio Eleitoral. A eleição presidencial só ficará consumada em dezembro, quando o Colégio Eleitoral traduzir o veredicto do eleitorado nacional. O Presidente será o que reunir, pelo menos, 270 dos 538 votos do Colégio.

Os principais swing states
Florida
É na Florida que ambas as candidaturas têm os olhos postos. Compreende-se, porque é o swing state com maior peso no Colégio Eleitoral (29 votos). Ainda ontem, o Presidente Obama, durante uma ação de campanha de Hillary Clinton dizia: se ganharmos a Florida, “está feito”. As sondagens mostram uma tendência para a vitória Democrata.

Pensilvânia
Pesa 20 votos no Colégio Eleitoral. É território tradicionalmente Republicano, mas as sondagens estão a favorecer Hillary Clinton.

Ohio
É o chamado estado-barómetro. Desde 1964, quem ganha o Ohio, chega à Presidência dos Estados Unidos.Vale 18 votos no Colégio eleitoral. Donald Trump aparece com ligeira vantagem sobre Clinton.

Carolina do Norte
15 delegados no Colégio Eleitoral. As últimas votações têm dado vitórias ao Partido Republicano, mas as sondagens mostram uma corrida renhida que deverá ser decidida no photo-finish.

Virgínia
Outro estado recorrentemente Republicano, mas que Obama venceu em ambas as eleições. Vantagem significativa para Hillary nos estudos de opinião mais recentes. Elege 13 delegados ao Colégio Eleitoral.
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