Um hospital de Los Angeles está desde 5 de fevereiro sob sequestro. A vítima foi o sistema informático da unidade de saúde, infetado com um tipo de ameaça que impede o acesso a toda a rede. Os atacantes pedem um resgate de nove mil bitcoins, mais de 3,3 milhões de euros.
Fonte do hospital, contactada pela NBC, garante que “os cuidados dos pacientes não estão comprometidos”, mas a cadeia norte-americana garante que a unidade declarou estado de “emergência interna”, já teve de recusar a prestação de cuidados médicos e transferiu pacientes para outros hospitais. O FBI confirma que está a investigar o caso.
A situação obrigou os médicos e enfermeiros a regressar ao passado. A comunicação é feita por fax, as fichas dos pacientes têm de ser redigidas em papel e os utentes têm de deslocar-se ao hospital para ir buscar os resultados dos exames. Uma consequência que até está a ser bem recebida pelos profissionais de saúde do hospital.
“Demora menos tempo escrever no papel do que no computador. Um ecrã de computador não é tão acessível e, enquanto enfermeiros, há coisas que queremos documentar que podem não encaixar num formulário de computador”, declarou à NBC Tina Bordas, representante do hospital no sindicato dos enfermeiros.
O que é o ransomware?
São cada vez mais comuns os ataques com ransomware, “um tipo de malware que infecta os computadores e torna-os inoperacionais”, explica Rui Cruz, fundador do portal Tugaleaks, contactado pelo site da RTP. Os hackers encriptam os dados de forma que só possa ser desbloqueado com um código.
“Ataques deste género são muito comuns em equipamentos particulares, como telemóveis”, acrescenta Rui Cruz. Os atacantes usam informações, como fotografias, que pertencem ao dono do equipamento e pedem dinheiro em troca. “Sempre em bitcoins para não ser possível seguir o rasto ao dinheiro”, refere o jornalista.
Os ataques são lucrativos e cada vez mais comuns. Rui Cruz aponta o “sextortion”, um tipo de chantagem sexual exercida sobre os internautas, como a variante mais recorrente nos dias de hoje.
O ataque ao hospital é por isso classificado pelo fundador do Tugaleaks como “muito avançado”, porque implica que os piratas analisem os servidores.