Nanodiamantes, a base para construir um elevador espacial

por Nuno Patrício - RTP
Nano diamantes podem ser a base do cabo que vai suportar um futuro elevador espacial Ilustração: Direitos Reservados

Criar um elevador espacial que auxilie o homem a viajar até a um ponto no espaço, estação ou mesmo a Lua era desde o século XIX um projeto no papel. Algo que pode mudar se a construção tiver por base diamantes.

O diamante é geralmente associado ao luxo. Contudo, a verdadeira razão de ser tão caro é a sua resistência e raridade na Terra.

É precisamente com base na resistência (10 na escala de Mohs) que vários investigadores estão a estudar a forma de utilizar nanofilamentos de diamante na construção de um elevador espacial.Na escala de Mohs, o diamante (constituído quase exclusivamente por carbono) ocupa o topo da escala (10) no que respeita à dureza, imediatamente a seguir aos rubis e safiras, que são cerca de 140 vezes menos duros que o diamante.

Um estudo em laboratório abriu caminho à produção de fios ultrafinos de nanodiamante que podem, no futuro, ser ideais para a construção de edifícios de grandes dimensões. E até mesmo para a construção do tão desejado elevador espacial.

A equipa, liderada pelo professor de química John Badding, aplicou vários ciclos alternados de pressão a moléculas de benzeno isoladas em estado líquido. E descobriram que os anéis de átomos de carbono se transformavam em correntes limpas e ordenadas de nanodiamantes.



A surpresa foi ainda maior porque o que se esperava era que as moléculas de benzeno reagissem de forma desorganizada. O que aconteceu foi criação de um segmento puro 20 mil vezes menor do que um fio de cabelo humano.

Uma descoberta incrível visto ser, segundo os investigadores da Universidade Penn State, o filamento mais pequeno e o mais forte alguma vez desenvolvido.

Quase imediatamente, este achado foi associado à criação de um material que poderia ser a base de construção de um cabo longo, ancorado na Terra, para anexar a um satélite em órbita.
Cientista russo foi pioneiro
Decorria o ano de 1895 quando pela primeira vez foi proposto um "elevador espacial". A ideia partiu do cientista russo Konstantin Tsiolkovsky, depois de este ter visto a Torre Eiffel em Paris.

Quase um século depois, Artur C. Clark escrevia um romance em que existia um  elevador espacial ao serviço da Humanidade.



Elevador espacial em 2050
Andar de elevador nos dias de hoje é perfeitamente banal, mas entrar na Terra e sair no espaço é completamente diferente.

Há já empresas que dizem estar a criar condições para que, dentro de 35 anos, viajar até ao espaço seja tão simples como apanhar um elevador.

Uma dessas empresas é a Obayashi Corporation, que prevê para 2050 todo um sistema elevatório que permitirá levar o Homem e objetos para a órbita terrestre.

A empresa descreve, no seu site, um sistema deste tipo, incluindo o processo de construção, que projetou com base no trabalho de engenheiros que em 2012 completaram a mais alta torre independente do mundo, a Tokyo Skytree.

Na animação seguinte, é apresentado o projecto do elevador espacial que sobe desde a Terra até uma estação orbital geoestacionária, a uma altura de 36 mil quilómetros.

O elevador espacial está planeado para ser construído até ao ano de 2050, com uma capacidade de transporte de até 100 toneladas.



Este projecto será composto por um cabo de nanotubos de carbono com 96 mil quilómetros, um diâmetro de ancoragem em Terra de 400 metros e um contrapeso de 12.500 toneladas.
Elevador está patenteado
O mundo da investigação de novas tecnologias não se compadece com o mínimo atraso: uma equipa da Universidade de tecnologia de Queensland, na Austrália, já desenhou e patenteou um elevador espacial com base em filamentos de nanodiamantes.

Usando simulações de dinâmica molecular em grande escala, concluíram que o material é muito mais versátil do que se pensava, mostrando-se prometedor para o domínio aeroespacial. A simulação foi publicada no início de novembro.

Dir-se-ia que os Beatles foram premonitórios ao cantarem sobre diamantes no céu. Também um dos investigadores da Penn State entende que é acima das nuvens que eles pertencem. Lucy podia ser o nome do elevador espacial.
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