Circundando fronteira com o Oceano Pacífico desenha-se a British Columbia, província do Canadá. É aqui ? lugar onde se misturam histórias de aranhas, gente, gelo, ursos, alumínio, papel ?
Aqui é Kitimat.
Eduardo Gonçalves, emigrante de longa data, conta uma história, cujo enredo ele próprio conhece muito bem. Desde os tempos em que saiu de Portugal e veio para Kitimat. Desde os tempos em que, como a aranha, teceu com entusiasmo a sua própria vida. Diferentes eram apenas os fios. Nasciam dos grãos de trigo. Cresciam à custa do fermento. Ganhavam sabor a pão no quente do forno.
Os primeiros portugueses chegaram por meados do século XX. A cidade começava a nascer. Chamava-se Kitamaat, que significa, o povo da neve, na língua nativa, a língua Haisla.
Para entender esta viagem a Kitimat é necessário um olhar curioso, atento, que se há-de estender pelos mil segredos das fábricas que deram emprego a tantos estrangeiros, hoje orgulhosamente canadianos que guardam, contudo, e também com orgulho, as suas raízes.
Mas também nos fica um sentimento ? talvez inesperado, por certo indestrutível. É que, afinal, o lugar ?mais perto de casa? pode ser tão longe ou tão perto como o próprio mundo.
Depende das teias da vida e dos palpos de aranha.