O QUE DIZ MOLERO

Veja o mundo pelos olhos de duas fascinantes personagens de papel!

Uma adaptação ao teatro do livro de Dinis Machado, esta peça teve vários prémios da crítica.
Nuno Artur Silva ganhou o prémio para o melhor texto português, José Pedro Gomes, o prémio de melhor actor, António Jorge Gonçalves, o de melhor figurinista.
Em cena, as duas personagens que preenchem a peça, Austin e Mr. de Luxe, que nos aparecem como seres de papel, desenhos animados fascinados pela vida e pelas histórias dos seres reais de três dimensões, fascinados pela espessura da vida dos humanos, pelas suas histórias, pelas suas memórias que eles só vislumbravam pelo relatório de Molero.
A opção de privilegiar ao máximo as palavras concretas do romance original faz com que as cenas apresentadas pelas personagens de forma narrativa tenham um cunho de extrema realidade.
A preocupação de relacionar a linguagem literária com outras artes, a da imagem, do som e da representação, estabeleceu uma harmonia entre as duas personagens.
O relatório de Molero tem 312 páginas e Austin e Mr. de Luxe vão falando daquilo que consideram as idiossincracias de Molero, as suas transcrições verbais e escritas, os seus gráficos, as folhas amarelas para os inventários e alguns espaços em branco para meditação.
Diz Mister de Luxe: "Molero diz aqui que sorriu ao passar os dedos pelo elo da cadeia, que tudo se conjuga, bate certo". Diz Mister de Luxe: "Chegaram as andorinhas". Diz Austin: "Se estivessemos no dia de ontem, se Mister de Luxe não tivesse mudado a folha do calendário, esta andorinha teria vinte e quatro horas de atraso"."Ou de avanço", diz Mr. de Luxe. Um cruzamento entre o teatro e a banda desenhada, com duas personagens que vislumbram o mundo real através do relatório de Molero e das andorinhas que poisam no parapeito da janela.