JORGE PEIXINHO por João Carlos Callixto

31 Mai 1971 - "Estudo nº 1: Mémoire d'une Présence Absente"

Hoje o “Gramofone” passeia-se pelas áreas da música erudita, com a presença de um dos nomes mais marcantes dentro da escrita contemporânea. O ano é 1971 e Jorge Peixinho era então já bem mais do que uma promessa, tendo atrás de si uma carreira iniciada ainda na década de 50.

Nascido no Montijo, o músico estuda nos anos 60 com Luigi Nono, com Pierre Boulez e com Karlheinz Stockhausen, chegando a participar num LP colectivo deste último no início da década seguinte. Em 1970, ao lado de músicos como António Oliveira e Silva, Carlos Franco, Clotilde Rosa ou Luísa Vasconcelos, funda o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, ainda em actividade, e que desde logo se destaca pelo trabalho constante na divulgação de peças portuguesas e estrangeiras, muitas delas escritas para o grupo e por ele estreadas.

Em Maio de 1971, no programa “Um Dia com...”, a RTP apresenta uma emissão dedicada precisamente a Jorge Peixinho, em que este fala do seu percurso e obra e apresenta algumas composições. Este “Estudo n.º 1”, para piano, tinha sido composto em 1969 e logo estreado nesse mesmo ano em Madrid, no ciclo de Concertos Sonda. Em 1972, é uma das obras incluídas no primeiro álbum que o músico grava em nome próprio, “Música I”, em que é acompanhado pelo também compositor Filipe de Sousa e que é editado pelo selo Tecla, de Jorge Costa Pinto - outro nome que sempre cruzou géneros musicais.

Jorge Peixinho leccionou no Conservatório de Música do Porto, ainda na década de 60, e, desde 1985 até à sua morte, em 1995, foi professor na Escola de Música do Conservatório Nacional, em Lisboa, marcando também aí diferentes gerações de alunos. Já postumamente, é publicado um álbum com o registo da colaboração entre Peixinho e o saxofonista francês Daniel Kientzy, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian – instituição ligada desde sempre ao percurso do nosso compositor.