A CRUELDADE DO FRANGO por Rui Alves

O vocabulário do futebol tem muitas particularidades na forma como se expressa, dizer que foi frango é uma forma de responsabilizar o guarda-redes pelo golo sofrido, esquecendo que a bola circulou entre 10 colegas até ultrapassar o desafortunado guardião.

Esta ofensa ao galináceo intimamente ligada à derrocada de toda uma equipa de futebol, é algo que até aos dias de hoje tem uma origem que a todos se escapa.

A 27 de maio de 1965, dia da final Taça dos Campeões Europeus, Costa Pereira, guarda-redes do Benfica, apresenta-se no San Siro, em Milão, é a sua 4ª participação em finais da principal prova europeia de futebol entre clubes.

Vindo do Ferroviário de Maputo, Costa Pereira ingressou no Benfica em 1954 e até chegar à maldita final de 1965, o guardião encarnado foi por sete vezes campeão nacional, vencedor de cinco Taças de Portugal e por fim, mas a mais importante das conquistas, vence e logo por duas vezes consecutivas, a Taça dos Campeões Europeus, hoje Liga dos Campeões, frente a dois colossos, Barcelona e Real Madrid.

A exibição da 1ª final de 1961 foi então elogiada por todos e alguns garantem mesmo que o Benfica conquistou o seu primeiro troféu internacional devido à excelente prestação de Costa Pereira, porventura os mesmos exageros quando dizem que Eusébio foi o principal responsável pela conquista da 2ª Taça. Esquecendo que em 1963, os dois jogadores estiveram presentes na 3ª final da prova europeia, só que desta vez não conseguiram evitar a derrota benfiquista diante do Milão.

O árbitro pode errar, o avançado pode falhar o alvo, o médio pode não estar nos melhores dias, o defesa infantilmente, até pode ser ultrapassado pelo adversário, mas o frango de Costa Pereira frente ao Internazionale será sempre lembrado, mas o que não podemos esquecer, é que estamos a falar de um bicampeão europeu!