ADEPTOS PORTISTAS PAGAM CUBILLAS por Rui Alves

Se Tupac Amaru II, foi o último grande revolucionário Inca contra a ocupação espanhola, cem anos depois, José de San Martin e Simón Bolivar, responsáveis pela independência do Perú, são nomes consensualmente admirados pela povo do Perú.

No entanto, o ídolo chama-se Teófilo Juan Cubillas Arizaga, jogador de futebol, responsável pelo apuramento da sua selecção para os Mundiais de 1970, 1978 e 1982.

O mais amado da nação Peruana, destacava-se por ser um médio ofensivo dotado de uma técnica extraordinária, com grande potência muscular, uma desconcertante habilidade para o remate e uma grande capacidade goleadora.

Conhecido por “el Nené”, Cubillas levou por duas vezes a Seleção do Perú aos quartos de final, mas foi no Campeonato do Mundo em 1970, disputado no México que se tornou numa lenda do futebol internacional.

O grande Cubillas, marcou 5 golos nesta competição e foi considerado como um dos melhores jogadores do Torneio, com a estrela brasileira Pelé a declarar que se tinha, provavelmente, encontrado o seu sucessor.

As magnificas exibições continuariam, e mais tarde, na Copa América de 1975, aponta o golo que eliminou o Brasil na meia final. Na final, mesmo falhando uma grande penalidade sagra-se Campeão Sul-Americano.

O sonho do FC Porto para a contratação deste craque, um dos melhores futebolistas do mundo, nasce, em 1973, quando chegou ao conhecimento de Jorge Vieira, chefe do departamento de futebol portista, que o jogador Peruano, entretanto, transferido para o Basileia, não se tinha adaptado aos rigores climatéricos da Suíça.

Os esforços do dirigente pareciam inglórios com a intransigência do empresário do extraordinário futebolista, de receber 250000 dólares (cerca de 1 Milhão e Trezentos Mil Euros). À participação dos empresários da região e acrescentados os empréstimos bancários com o aval pessoal do próprio Jorge Vieira, mais os cheques passados pelos adeptos mais anónimos que podiam ser de 100, 200, 500 e 1000 escudos (de 21 a 210 Euros), tornando-se assim possível, a contratação do melhor jogador da América do Sul de 1972.

O alto salário do Peruano, 5000 dólares (26.000 Euros) por mês, não foi impeditivo, no entanto, do clube poder respirar melhor no que diz respeito à saúde financeira. Logo na sua apresentação, coroada com um golo, o Estádio das Antas estava a abarrotar, reproduzindo-se um enorme fervor clubista com a adesão de novos sócios.


O jogador mais caro de Portugal, quando veste a camisola azul e branca, é um jovem de 24 anos, mas já com uma longa e bem-sucedida carreira, passando a ser a grande atracção de uma equipa que passava a ser solicitada para jogar nos vários torneios internacionais, com o FC Porto a receber o respectivo pagamento.

No relvado do Estádio da Luz, foi dele o golo solitário que derrotou o Benfica no primeiro clássico, logo a seguir ao 25 de Abril de 1974.

Em 1977, decide voltar a casa e ao seu Alianza Lima, clube, onde se tinha estreado na equipa principal com apenas 16 anos, ainda a tempo de conquistar dois campeonatos consecutivos.