UM BRUXO?! NÃO! UM PARAPSICÓLOGO! por Rui Alves

Não é só de táctica que vive o futebol, é também de superstições: ter uma determinada fitinha no pulso, pegar numa moeda e colocá-la numa das botas, nas conversas com os jornalistas, depois dos jogos, as mesas têm que estar sempre em U, treinadores que viram as costas quando a sua equipa está para marcar um penálti, existe também quem use as mesmas meias em todos os jogos do campeonato... sem as lavar.

O treinador Húngaro Béla Guttmann, bicampeão europeu pelo Benfica, desagradado ao sair do clube encarnado, terá dito que o clube de Lisboa não seria campeão europeu nos próximos 100 anos. O que é um facto é que a equipa da 2ª circular já perdeu oito finais europeias.

Será que realmente existe a maldição?

Na década de 80, existia uma tradição na RTP, entre as rabanadas do Natal e o champanhe do fim de ano, aparecia no pequeno ecrã um homem de farta cabeleira e com uma grande barba, era Zandinga o bruxo, (que era na verdade um parapsicólogo).

Este vidente parodiado por todos que o ouviam, debitava as suas profecias para o ano seguinte e que invariavelmente não aconteciam, mas não foi sempre assim. Em janeiro de 1978, este luso-brasileiro Emanuel Gomes mais conhecido como Zandinga, acerta em cheio em duas das suas revelações.

Na véspera de Marítimo-FC Porto profetizou que o clube da Madeira, estreante na I Divisão, não iria descer de divisão e o FC Porto, com um jejum de 19 anos sem títulos, seria o campeão nacional à frente do Benfica (o clube encarnado não iria perder nenhum jogo, mas no final conheceria o sabor amargo da derrota ao classificar-se no 2º lugar).

Zandinga, aparece no mundo do futebol através do convite de António Oliveira, antiga glória do FC Porto para integrar a equipa técnica do Penafiel. Antes do treino, o parapsicólogo tentava motivar, incentivar os jogadores tentando demonstrar como o poder da mente, seria fundamental na marcação do muito desejado golo.

Rituais, bruxarias, mentores espirituais era algo que já existia no futebol nacional.

Em 1954, conta-se que Otto Glória, treinador do Benfica, terá levado os jogadores a uma capela da Nazaré para um ritual com fumos, 14 anos depois e novamente à frente da equipa encarnada é responsável pela vinda de um outro parapsicólogo, também Brasileiro, Delane Vieira

"...o que ele (Otto) queria alguém com força psicológica e capacidade de médium - e nestas áreas ele sabia que podia contar comigo. Otto era grande amigo de meu pai, um dos maiores espíritas do Brasil, que já o tinha informado sobre as minhas capacidades de premonição." - Delane Vieira no seu livro Memórias do Guru de Pinto da Costa.