Holanda a afundar-se mais depressa do que o esperado

por RTP
“É um problema que não só pode mudar a típica paisagem holandesa como causa danos ao cimento das casas e ruas, algo que já é visível em algumas cidades" Reuters

A ação humana e as mudanças climáticas têm levado a que o território da Holanda esteja a afundar-se mais rapidamente do que era esperado. Os verões de muito calor aceleraram o fenómeno. Em zonas onde predomina a turfa (carvão formado por decomposição de matérias vegetais), o processo é mesmo irreversível.

Um novo mapa digital registou a deterioração ambiental no país apoiado sobre diques e mostra que tanto as paisagens citadinas como as campestres estão a ser igualmente afetadas. A evolução de todo o processo vai ter atualizações diárias a partir de agora.

“Levamos 400 anos a bombear água para cultivar e criar animais em terra seca, e o terreno caiu para níveis mais baixos que o nível do mar. Já se sabia, mas com este novo mapa vemos claramente que no oeste da Holanda, que tem solos de argila e turfa, esta última desaparece quando exposta devido à sucção de periódica de água. Oxida ao entrar em contacto com o ar e contribui para as emissões de CO2”, explicou Ramón Hanssen, da Universidade Técnica de Delt, principal investigador dos trabalhos do mapa.

Ramón Hanssen atualiza o mapa com informações de satélite e as medições que realiza são exatas e servirão para diferenciar as causas do afundamento da terra, se naturais ou provocadas por mão humana.

“É um problema que não só pode mudar a típica paisagem holandesa, com os prados, moinhos e cidades monumentais, como causa danos ao cimento das casas e ruas, algo que já é visível em algumas cidades".
"Mudanças climáticas agravaram o problema"

Um dos exemplos dados é de Gouda, cidade famosa pelos seus queijos, onde se nota bem a situação. Com 73 mil habitantes, o terreno da cidade afunda, em média, três milímetros por ano, sendo que em alguns lugares regista-se um centímetro.

O investigador alerta que as fachadas e portas de alguns edifícios estão a ficar desequilibradas, que há gretas nas paredes e o problema já chega aos esgotos. As autoridades locais querem abordar a situação de forma estrutural, já que muitos imóveis estão construídos sobre pilares de madeira.

“As mudanças climáticas agravaram o problema, com verões cada vez com mais calor e secas que aceleraram o desaparecimento da turfa”, realça Hanssen.

O investigador destacou também a exploração de gás natural, em especial na zona de Groningen, que provoca sismos no país e Ramón Hanssen quer mostrar se reduzir a exploração diminui o número de sismos e a deterioração do solo.
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