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Pássaro amazónico canta mais alto que barulho de martelo pneumático

por Nuno Patrício - RTP
Tem o nome de "White Bell Bird" e faz jus ao nome que têm. Foto: Anselmo D'Affonseca/DR

Tem o nome de "Sino Branco" e faz jus ao nome que tem. Este pássaro que vive na Amazónia emite, durante a fase de acasalamento, um cântico que é idêntico, em decibéis, ao produzido por um martelo pneumático em laboração.

O Sino Branco (White Bell Bird), com uma aparência bastante normal, com cerca de 30 centímetros de comprimento, está coberto por uma penugem de penas brancas, exibindo no bico um peculiar apêndice ornamental (espécie de acácia negra), vive nas montanhas do nordeste da Amazónia e entrou recentemente para a lista dos pássaros mais barulhentos do mundo.

Créditos: Anselmo D'Affonseca/DR

Com um registo sonoro de 125 decibéis (dB), o Sino Branco cantou três vezes mais alto que o próximo pássaro da ordem de hierarquia, o Piha gritante, também conhecido por Cri-Crio.

Mario Cohn-Haft, ornitólogo do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazónia e autor de um artigo publicado na revista Current Biology , capturou um espécime masculino desta espécie (WBB) no Estado brasileiro de Roraima, em 2017.

De acordo com o artigo, o ornitólogo fez um estudo aprofundado sobre esta espécie e reparou que debaixo das penas brancas o pássaro apresentava um peito musculoso e esculpido, com um tecido muscular cinco vezes mais grosso que o da maioria das aves do seu tamanho.

Gráfico da Escala de intensidade sonora que um ser humano consegue suportar/RTP

Perante tal surpresa Cohn-Haft recorreu à ajuda de Jeff Podos, um especialista em comportamento animal da Universidade de Massachusetts e co-autor do artigo de estudo do Sino Branco.

Os investigadores, apesar de já conhecerem o cântico, quiseram relacionar o corpo musculoso dos machos desta espécie, para explicar o canto estridente que descrevem como sendo um grito explosivo de dois tons.

Cohn-Haft e Podos voltaram ao Brasil, à região de Roraima, e literalmente rastejando na floresta amazónica conseguiram registar os sons dos barulhentos e estridentes pássaros no ambiente natural em que vivem.

Nesta aventura puderam também assistir ao ritual de acasalamento e notar que a fêmea, de plumagem acastanhada e com um apêndice de bico mais pequeno, pousa num galho a cerca de um metro do macho, e este começa a cantar cada vez mais alto.

Apesar do forte som emitido pelo galanteador pássaro branco, esta não parece ficar intimidada, rodando apenas a cabeça, como parecendo não ligar muito ao que ele grita.

É uma forma original de encantar a parceira, que - se não ficar surda ao primeiro encontro - dificilmente vai ouvir o que o companheiro lhe dirá no resto do tempo de enamoramento.

É quase caso para dizer: “Quanto mais me gritas mais gosto de ti.”

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