Um dispositivo projetado para limpar uma ilha de lixo localizada no Oceano Pacífico conseguiu recolher plástico pela primeira vez. O sistema desenvolvido pela Ocean Cleanup capturou esta quarta-feira detritos de vários tamanhos. Estima-se que no futuro seja capaz de limpar metade dos resíduos do Great Pacific Garbage Patch, ou seja, cerca de 40 mil toneladas de plástico.
Sediada na Holanda, a organização revelou na quarta-feira que o recente protótipo para limpeza do oceano conseguiu capturar e reter detritos de vários tamanhos.
Dos enormes equipamentos de pesca abandonados - conhecidos como “redes fantasma” - aos pequenos microplásticos com até um milímetro, o System 001/B recolheu tudo por onde passou.
“O nosso sistema de limpeza oceânica está finalmente a recolher plástico, desde redes fantasma de uma tonelada a pequenos microplásticos”, escreveu Boyan Slat no Twitter.
Our ocean cleanup system is now finally catching plastic, from one-ton ghost nets to tiny microplastics!
— Boyan Slat (@BoyanSlat) 2 de outubro de 2019
Also, anyone missing a wheel? pic.twitter.com/Oq0rkXO3TH
“Após um ano de testes, conseguimos desenvolver um sistema autónomo no Great Pacific Garbage Patch que usa as forças naturais do oceano para capturar e concentrar passivamente o plástico”, pode ler-se num comunicado da organização.
Quando o sistema estiver totalmente operacional, a organização vai recolher o plástico retido nas barreiras para posteriormente reciclá-lo.
Espera-se que o projeto final seja capaz de limpar metade dos detritos no Great Pacific Garbage Patch, ou seja, cerca de 40 mil toneladas de plástico.A barreira que limpa oceanos
A barreira em forma de U flutua no mar com uma espécie de rede, com três metros de profundidade, e consegue prender até 1,8 toneladas de plástico, sem prejudicar a vida marinha.
O novo protótipo, apelidado de System 001/B, foi lançado em junho último depois de vários meses de testes e ajustes.
Esta nova adaptação já contém uma âncora de paraquedas para diminuir a velocidade do sistema. Para além disso, o tamanho da linha de cortiça foi aumentado para impedir que o plástico ultrapasse a barreira.
O sistema inovador foi colocado à prova, pela primeira vez, no Great Pacific Garbage Patch, a maior zona de acumulação de plástico do Pacífico, localizada entre o Hawai e a Califórnia. De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, a acumulação de lixo forma-se através das correntes oceânicas rotativas, denominadas de “giros”.
Em 2008 estimava-se que este grande depósito de lixo fosse sete vezes maior do que Portugal Continental. Contudo, dez anos mais tarde, esta área - com capacidade para conter pelo menos 79 mil toneladas de plástico - já ocupa cerca de 1,6 milhões de quilómetros quadrados. Isto equivale a ter resíduos acumulados numa área 17 vezes superior à dimensão do território português.
No entanto, a organização ainda precisa de aperfeiçoar o protótipo existente para que este seja um plano financeiramente viável.
"O conceito funciona, a fundação está em ordem", revelou um porta-voz da organização, citado pelo Guardian. “Agora tudo se resume a aperfeiçoar as coisas", acrescentou.
Por enquanto, o System 001/B precisa de sobreviver, durante alguns anos, nas difíceis condições do oceano. Ao longo de vários meses, o dispositivo vai ter de conseguir manter o plástico dentro das pick-ups para depois ser recolhido.
O próximo sistema de limpeza do oceano já se encontra nos planos. A Ocean Cleanup pretende agora criar o System 002, um dispositivo em larga escala capaz de suportar e reter o plástico recolhido por longos períodos de tempo.