Bragança: à espera de ligações para a europa

Ligação de comboio Porto/Vila Real/Bragança/Zamora já está em estudo e no plano ferroviário nacional. Aeroporto regional espera-se que não demore tanto tempo a chegar.

Afonso de Sousa /

Fotos: Marius Vieru

Bragança é a cidade portuguesa mais a nordeste do país. Com uma população a rondar os 35 mil habitantes cerca de um terço mora nas 38 freguesias rurais. O concelho continua a ser muito marcado pelo setor agrícola onde se destaca a castanha. Bragança e Vinhais, o concelho vizinho, produzem mais de 50% da produção nacional e isso pesa bastante na economia local. No entanto, as doenças do cancro, tinta ou vespa do castanheiro têm sido um problema para a produção e a falta de regulação no setor, também. A solução pode estar no Politécnico de Bragança que nos últimos anos se assumiu como um centro de conhecimento e investigação que poderá com tecnologia ajudar e muito os produtores.

O IPB é, com cerca de 10 mil alunos, que chegam de mais de 70 países, a instituição da cidade e do distrito que mais influencia a sociedade brigantina. Aqui, há várias comunidades de estudantes estrangeiros principalmente africanos e brasileiros que também se integram no tecido trabalhador. Alguns abrem os seus negócios e outros criam relações mais profundas com os residentes e vão ficando.

No comércio e em todos os setores a maior queixa é mesmo a falta de gente. O despovoamento de todo o interior principalmente das aldeias afeta tudo. Nesta área há quem sugira aos governantes “vender” o Live Style de ruralidade, onde se vive bem, com todo o conforto, em liberdade e com um controlo total sobre a vida. Na cidade, os comerciantes do centro e zona histórica anseiam por um regresso do mercado municipal que saiu dali vai para 25 anos…e que só voltando é que o centro poderá ter vida.
António Teixeira Lopes é sapateiro da rua direita, uma das mais emblemáticas de Bragança. Tem 75 anos. Conhece a cidade como ninguém e aponta o que vê menos bem e o que lhe parece que pode melhorar.
A parte empresarial da cidade é marcada pela Faurécia. Uma multinacional francesa do ramo automóvel que dá emprego a cerca de 700 pessoas.

A habitação é também um problema transversal ao concelho. Os custos elevados das casas e a falta de oferta, bem como um programa de reabilitação das casas devolutas na parte urbana aldeias são desabafos que se ouvem na cidade.

A proximidade com Espanha é apontada como uma oportunidade que não está a ser aproveitada. A ligação à Puebla das Sanábria, localidade espanhola a cerca de 40 quilómetros e com uma estação de comboios rápidos que ligam a toda a europa, falada há anos e já incluída no financiamento do PRR ainda não avançou.

Na calha estão outros dois projetos em estudo que a população anseia, mas à qual também “torce o nariz” com desconfiança. O comboio de ligação do Porto, passando por Vila Real e Bragança com ligação a Zamora, em Espanha, está em estudo e incluído na rede ferroviária nacional, mas como outros projetos para a região chegaram tarde e outros nem sequer saíram do papel…e depois o Aeródromo Regional. Uma infraestrutura que a cidade anseia há anos, tem nos últimos tempos aumentado de importância, mas também o povo desconfia. Há quem diga que só com estas ligações é que a cidade poderá dar um segundo salto qualitativo (o primeiro foi com o Instituto Politécnico).

A cidade dos caretos e dos muitos museus tem no castelo medieval uma das maiores atrações turísticas, junto com a oferta gastronómica que atrai turistas nacionais e estrangeiros, principalmente os vizinhos espanhóis, mas também há quem diga que o “tesouro” da natureza que é o Parque Natural de Montesinho não está a ser bem aproveitado.
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