Política
Autárquicas 2025
Espinho ainda é uma cidade viva? Na terra do Primeiro-Ministro, o envelhecimento e o abandono preocupam a população
No verão, Espinho vira estância balnear e atrai turistas. Mas quem ali vive todo o ano olha com desalento para a pressão da habitação, as estruturas por terminar e os equipamentos degradados a precisar de obras urgentes de requalificação. Também a falta de limpeza urbana não escapa às críticas dos espinhenses, que sentem uma estranha sensação de abandono, com lixo nos passeios e ervas nos edifícios camarários.
Foto: João Couraceiro
Os equipamentos desportivos, como o inacabado Estádio Municipal, ou o semi-abandonado complexo de ténis, são alvo de alertas da população, num concelho cada vez mais envelhecido.
Na terra de Luís Montenegro, já não se ouve no Bairro Piscatório o velho pregão que inspirou o nome da empresa familiar do primeiro-ministro e as bancas de peixe estão em cada vez menor número. Ainda junto ao mar, a velha arte (a que alguns chamam de xávega) procura um futuro, entre a inscrição recente no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial e os lamentos de que a pesca já não é vida para os jovens. Porém, ainda resiste.
Também a cultura quer outra atenção: a um ano de soprar 50 velas, o CINANIMA carrega o orgulho de ser o festival de animação mais antigo do país, e de nascer do sobressalto e inquietude de um grupo que quer continuar a agitar a comunidade. A Nascente - Cooperativa de Ação Cultural pede que se olhe para o que se faz no município com uma outra visão estratégica.
A dias das eleições autárquicas, a campanha disputada por 8 candidaturas parece ser consensual sobre a necessidade de reafirmar Espinho depois da Operação Vórtex. O caso judicial motivou a renúncia do socialista Miguel Reis à presidência da autarquia, em janeiro de 2023, face a acusações de alegada corrupção em negócios imobiliários, que envolvem não só os socialistas, mas também os sociais-democratas que os antecederam. Os dois principais partidos — PS e PSD — desistiram dos candidatos mais óbvios, com os socialistas a deixar cair Maria Manuel Cruz, até aqui presidente (e que entretanto já entregou o cartão de militante); e os sociais-democratas, cujo presidente, Luís Montenegro, foi ao próprio gabinete em São Bento buscar um nome para substituir o indicado pela concelhia do PSD. Maria Manuel Cruz concorre agora como independente e o PS optou pelo seu vice, Luís Canelas. Já o PSD concorre com Jorge Ratola, técnico especialista no Governo de Montenegro.
Pela CDU, a professora e sindicalista Pilar Gomes é a escolhida para figurar no boletim de voto. Quanto ao Chega, vai a eleições em Espinho com o gestor de comércio automóvel Ricardo Oliveira. O Bloco de Esquerda indica a analista de crimes financeiros Rita Ribeiro. A Iniciativa Liberal avança com o professor Ilídio Sá. A lista de opções em Espinho, para a câmara municipal, fica completa com o gestor António Marques Baptista, do CDS-PP.