Raimundo acusa PS de ser cúmplice de Moedas

O secretário-geral comunista acusou esta terça-feira o PS de ser "cúmplice" de Carlos Moedas e de ter a "mão em tudo o que é negativo" em Lisboa, recomendando-lhe que use a campanha para "atacar a direita".

Lusa /
Lusa

Em declarações aos jornalistas durante uma arruada em Moscavide, concelho de Loures, Paulo Raimundo reagiu às críticas que dirigentes do PS e Livre fizeram ao PCP esta segunda-feira à noite num comício em Lisboa, responsabilizando o partido caso Carlos Moedas vença as eleições autárquica na capital.

O secretário-geral do PCP defendeu que o PS devia ter aproveitado o comício de segunda-feira para "atacar a política de Moedas e a política de direita da gestão da Câmara Municipal de Lisboa".

"Eu sei porque é que não fez: porque o PS é cúmplice dessa política. O PS viabilizou todos os orçamentos. Tudo o que é negativo em Lisboa tem a mão do PS também e é por isso que o PS entendeu que devia aproveitar um momento de campanha, não para atacar a política que apoiou, mas para atacar o PCP. Era só o que nos faltava", afirmou Paulo Raimundo.

Confrontado com o facto de, além do PS, também outros partidos terem feito críticas ao PCP, designadamente o Livre, Paulo Raimundo considerou que isso "é ainda mais incongruente e mais hipócrita", salientando que alguns desses partidos, antes de integrarem a coligação liderada pelo PS, votaram muitas vezes ao lado do PCP na Câmara Municipal de Lisboa.

"Votaram ao nosso lado contra as opções do próprio PS na Câmara de Lisboa e vêm dizer uma coisa dessas... Partidos que duas ou três horas antes estavam a criticar, e bem, a gestão do PS em autarquias diversas, e vão ali fazer essa figura... Quer dizer, é demais", disse.

Questionado sobre como é que o PCP responde à pergunta de António Vitorino, que, na segunda-feira, desafiou o partido a dizer como se sentiria se for responsável por uma vitória de Carlos Moedas, Paulo Raimundo devolveu a pergunta: "Como é que António Vitorino se sente depois de o PS, durante quatro anos, ser a muleta da gestão errada do Moedas?".

"Como é que o PS se sente, depois deste tempo todo, por ser ainda responsável pela lei dos despejos, que afeta Lisboa, Loures? Como é que o António Vitorino descansa e dorme descansado com a responsabilidade que o PS tem na gestão de Moedas nestes quatro anos, no que diz respeito aos transportes, à habitação, à especulação, à degradação dos bairros?", perguntou.

Paulo Raimundo disse que o PCP "dorme descansado" e está empenhado "em resolver esses problemas", contrapondo que, "se calhar, António Vitorino não pode dormir descansado tendo em conta a prática do seu partido".

Sobre se não haveria uma possibilidade maior de derrotar a direita em Lisboa caso a CDU tivesse aceitado integrar a coligação liderada pelo PS, Paulo Raimundo respondeu que não poderia "integrar um movimento que, na prática, é responsável por aquilo que a Lisboa chegou".

"Agora, também lhes dizemos com toda a franqueza: ainda vêm a tempo de integrar este espaço alternativo, com uma visão para a cidade. Vêm a tempo ainda", disse, salientando que o PCP não tem "de explicar nada".

"Quem tem de explicar são aqueles que optaram, que fizeram a política que decidiram fazer, que apoiaram... Não se pode dizer que são contra o Moedas e apoiaram a política do Moedas, isso é que não se pode dizer", disse.

Para Paulo Raimundo, os ataques que o PS fez ao PCP esta segunda-feira à noite foram "completamente ao lado do alvo" e "os lisboetas vão responder a isso certamente nas urnas".

"O PS devia aproveitar estes últimos dias para criticar a gestão de Moedas. Isso é que fazia falta", disse.

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