André Ventura insta PSD a "pôr os olhos" no resultado de Loures

por Cristina Sambado - RTP
Nuno Fox - Lusa

O candidato social-democrata à Câmara Municipal de Loures, André Ventura, manifestou-se satisfeito com o resultado obtido no concelho e apelou ao PSD nacional para “pôr os olhos” no que foi feito durante a campanha.

“Acho que aprendemos todos com esta campanha eleitoral. O PSD deve olhar para os resultados em Loures num momento em que o país está claramente em contraciclo e que o partido está em descida”, afirmou André Ventura em declarações à agência Lusa.

Segundo o candidato social-democrata à Câmara de Loures, “amanhã (terça-feira), no Conselho Nacional, vou transmitir aos meus companheiros de partido que têm de pôr os olhos no que aconteceu em Loures”. O PSD elegeu três vereadores em Loures, mais um do que em 2013.

Foi uma grande subida. Nós subimos mais de cinco mil votos. Temos um resultado como não tínhamos há mais de 25 anos e, por isso, acho que conseguimos o nosso objetivo e vamos assumir as responsabilidades”, frisou.

As eleições autárquicas no concelho de Loures (distrito de Lisboa) foram ganhas pela CDU, que reelegeu Bernardino Soares (32,76 por cento). A lista encabeçada pela socialista Sónia Paixão alcançou 28,24 por cento dos votos, o que permite eleger quatro vereadores, os mesmos alcançados pela lista PCP-PEV. Em 2013, a CDU elegeu cinco vereadores, o PS quatro e o PSD dois.

Para André Ventura, “há um problema de governação e exequibilidade das políticas em Loures, mas também de acabar com esta ideia que é sempre necessário fazer acordos e as pessoas cederem àquilo que defendem. Nós somos responsáveis e por isso vamos analisar a situação da Câmara”.

“Queremos estabilidade”, rematou.
Críticas à comunidade cigana
O candidato do PSD à Câmara de Loures ganhou mediatismo depois de ter feito várias declarações sobre a comunidade cigana do concelho.

Em julho, numa entrevista ao jornal i, André Ventura afirmava que existem pessoas que “vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado” e que “acham que estão acima das regras do Estado de direito”, considerando que tal acontece principalmente com a etnia cigana.

Quatro dias antes, numa entrevista ao portal Notícias ao Minuto, o candidato afirmava que existia uma “excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas”.

Estas declarações de André Ventura motivaram uma queixa à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, por parte do cabeça de lista do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, por “declarações contra as minorias étnicas”.Após estas declarações de André Ventura, o CDS-PP rasgou a coligação com o PSD a Loures. No entanto, o PSD manteve o apoio ao candidato.

A 13 de julho, André Ventura afirmava à Lusa que tinha direito de opinião e lamentava que em Portugal “o limite da liberdade de expressão seja sempre utilizado quando se passa o politicamente correto”.

“Ao longo da minha vida sempre convivi bem com pessoas de várias raças e etnias e diferentes credos. Quando digo que somo tolerantes com algumas minorias, refiro-me a certos casos em que manifestamente a lei não é cumprida”, esclareceu.

Quatro dias depois (a 17 de julho), em comunicado, André Ventura negou ter “quaisquer intenções xenófobas contra a comunidade cigana” e repudiava “as associações de carácter racista ou xenófobo”.

As declarações de André Ventura levaram ainda a uma troca de galhardetes entre o secretário-geral do PS, António Costa, e o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho. Ventura manteve declarações no tribunal
Quatro dias antes das eleições autárquicas, André Ventura reafirmou em tribunal que considerava existir “um problema de integração com a comunidade cigana” no concelho de Loures e que as suas posições não tinham “nada a ver com racismo”.

“Voltei a reafirmar que, na minha opinião, há um problema com a comunidade cigana e que é uma posição minha política. Expliquei que já tinha escrito sobre isso e que nada tinha a ver com racismo, apelo ao ódio ou xenofobia”, afirmou André Ventura à saída do tribunal.

O candidato social-democrata foi ouvido, a 26 de setembro, no Departamento de Investigação e Ação Penal, em Lisboa.

“O que eu espero é que a Justiça dê aqui um muito forte sinal a esses senhores que, por um lado estão sempre a defender de boca cheia a liberdade de expressão, mas depois quando não concordam com o que os outros dizem levam imediatamente para os tribunais e para a justiça”, acrescentou.

c/ Lusa
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